Veja como funciona o Tribunal de Contas| Foto:

Cargo cobiçado

A vaga de conselheiro do Tribunal de Contas é uma das mais visadas da administração pública e muitas vezes é usada como prêmio para aliados do governador ou representantes de grupos políticos. Vários são os motivos que tornam a cadeira tão atrativa:

Salário

Os conselheiros recebem o salário de R$ 24,1 mil por mês, o equivalente a 90,25% dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Benefícios

Os conselheiros têm as mesmas garantias e vantagens dos desembargadores do Tribunal de Justiça, como aposentadoria com salário integral, vitaliciedade e inamovibilidade do cargo. Também têm direito a carro com motorista e celular corporativo.

Férias

Comparecem, no máximo, a três sessões semanais de julgamento: as terças, quartas e quintas-feiras. Por outro lado, têm férias anuais remuneradas de 60 dias.

Cargos

Cada conselheiro tem direito a nomear em torno de 11 cargos de confiança.

Influência

Podem usar a prerrogativa de julgar as contas municipais para cativar ou pressionar prefeitos.

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Romanelli deixa secretaria para votar em Ivan Bonilha

O secretário do Emprego, Trabalho e Economia Solidária, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), se afastou temporariamente de seu cargo no governo para reassumir sua cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná. O deputado volta com o intuito de votar na eleição para conselheiro do Tribunal de Contas. Apesar dos sinais claros de envolvimento direto de Beto Richa no processo, Romanelli nega que haja influência do governador em seu re­­torno. "Foi uma decisão minha, pessoal", frisou o deputado.

Leia a matéria completa

O presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, desembargador Miguel Kfouri Neto, deu ontem uma nova decisão garantindo a realização de eleições para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas (TC) do Estado. Essa foi a segunda decisão de Kfouri em menos de uma semana liberando o processo eleitoral. Nas duas vezes, ele derrubou decisões em contrário dadas pelo Judiciário paranaense.

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A nova sentença de Kfouri se baseia em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Ricardo Lewandowski derrubou um pedido do conselheiro Maurício Requião, que tentava impedir o processo de sua sucessão, alegando que ele ainda tem direito de permanecer no cargo enquanto a legalidade de sua nomeação é discutida. A disputa jurídica em torno do cargo de Maurício começou em 2008, quando ele foi nomeado para o posto por seu irmão, o então governador Roberto Requião (PMDB).

A Procuradoria-Geral do Estado, vendo a decisão do STF, recorreu mais uma vez ao presidente do TJ. O desembargador acolheu o recurso. Os argumentos jurídicos das decisões – tanto do STF quanto de Kfouri – ainda não estão disponíveis nas páginas dos tribunais na internet.

A nova decisão permite que a disputa com voto secreto ocorra hoje em uma sessão especial da Assembleia Legislativa. A vaga está aberta desde o último dia 5 de maio, quando o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), cancelou a nomeação de Maurício. Dezessete candidatos disputam a vaga.

Reviravoltas

A guerra de liminares em torno da eleição começou quando um ex-diretor de secretaria de Estado no governo Requião propôs uma ação popular para suspender a eleição e recebeu uma liminar favorável concedida pelo juiz Jailton Tontini. No dia seguinte o presidente do TJ derrubou a liminar acatando um argumento da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). O recurso alegava que a demora na decisão final prejudicaria institucionalmente o TC. O chefe da PGE, Ivan Bonilha, é ele próprio candidato ao cargo no TC.

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Porém, na sexta-feira, outra liminar foi concedida pelo desembargador Jorge de Oliveira Vargas contrariando a decisão de Kfouri. Assim, a eleição ficou novamente suspensa até que o mérito de uma ação popular proposta em 2009 seja julgada no STF.

No mesmo dia, no entanto, o ministro Ricardo Lewandowski do STF negou um pedido liminar dos advogados de Maurício Requião para interromper o processo eleitoral.

Diante da decisão do STF, o presidente do TJ derrubou a última liminar concedida sexta-feira e, desde que não ocorra mais nenhuma decisão nova até hoje à tarde, a escolha do novo conselheiro poderá ser feita nesta tarde pela Assembleia.

O advogado de Maurício Re­­quião, Ivan Xavier Vianna, afirmou que considera absurda a decisão que autorizou a eleição e que irá recorrer "por todas as vias éticas e jurídicas" para impedir senão a eleição, a nomeação ou a posse do novo conselheiro.

Ontem, quando os candidatos inscritos se pronunciaram ao plenário da Assembleia para defender suas candidaturas, o candidato Tarso Cabral Violin criou polêmica ao questionar a legitimidade do pleito e disse que teve negado o acesso à documentação que informou a eleição, apesar de ter feito requerimento oficial ao Le­­gis­­lativo. O presidente da casa, Valdir Rossoni, negou que tenha impedido o acesso à informação ao candidato.

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Entenda o caso

Confira as reviravoltas da eleição para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas (TC):

9/07/08 – Maurício Requião, irmão do então governador Roberto Requião (PMDB) é eleito conselheiro do TC pelos deputados.

12/09/08 – Após guerra de liminares no Tribunal de Justiça contra e a favor da posse de Maurício, uma ação popular é impetrada na 4ª Vara da Fazenda Pública contra a nomeação de Maurício. Ele recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF).

1º/10/08 – O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, mantém a nomeação de Maurício, em caráter liminar.

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4/03/09 – Lewandowski revê a decisão, com o apoio de seis ministros. Maurício deixa o cargo.

10/03/09 – Maurício recorre da decisão do STF.

16/03/09 – Lewandowski nega e arquiva o recurso, obrigando Maurício a aguardar o julgamento da ação popular.

5/02/10 – O ministro do STF Gilmar Mendes rejeita pedido de liminar para o retorno de Maurício ao cargo de conselheiro enquanto durar a tramitação da ação popular. Mas o plenário do STF ainda precisa referendar ou derrubar a decisão de Mendes.

6/07/10 – O TJ aceita o pedido para Maurício retornar ao TC, mas, como prevalece a decisão contrária do STF, ele continua fora do cargo.

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05/05/11 – O atual presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), assinou ato invalidando a eleição de Maurício Requião sob a alegação que o processo eleitoral foi irregular. Tem início uma nova eleição.

22/05/11 – O candidato Gabriel Guy Léger pede a suspensão do pleito alegando que fases do processo foram desrespeitadas. Assembleia ampliar o prazo de inscrições até junho.

13/06/11 – No total, 44 candidatos se inscrevem, entre eles o procurador-geral do estado, Ivan Bonilha, e dois deputados: Nelson Garcia (PSDB) e Augustinho Zucchi (PDT).

27/06/11 – Análise da Comissão Especial da eleição, presidida pelo presidente do TC, Hermas Brandão, confirma apenas 17 candidaturas.

29/05/11 – Decisão liminar de primeira instância suspende a eleição, sob o argumento de que a nomeação não pode ser revogada.

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30/05/11 – O presidente do TJ, Miguel Kfoury Neto, derruba a liminar. A procuradoria-geral do estado argumentou que o TC precisa recompor o corpo de conselheiros.

01/07/11 – Outra liminar, do desembargador Jorge de Oliveira Vargas, cancela a eleição até que o STF julgue o processo pendente desde 5 de fevereiro de 2010.

01/07/11 – No mesmo dia, o ministro Ricardo Lewandowski do STF nega liminar a Maurício Requião para interromper o processo.

04/07/11 – Diante da decisão do STF, o presidente do TJ, suspendeu a liminar que havia sido concedida na sexta-feira e autoriza que o pleito se realize hoje.