Assessores de deputados petistas e um deputado em pessoa estiveram na agência do Banco Rural no Brasília Shopping, que seria usada para o pagamento do mensalão, no mesmo dia em que foram feitos saques de mais de R$ 100 mil em contas das agências do publicitário mineiro Marcos Valério. A informação é do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que fez um cruzamento de dados entre o relatório do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e a visita de assessores e pessoas ligadas a parlamentares petistas à agência.
O Coaf registra apenas saques de, no mínimo, R$ 100 mil. O deputado cruzou a lista de pessoas que foram ao Banco Rural nos mesmos dias em que foram feitos saques volumosos em dinheiro com a relação de funcionários de gabinetes da Câmara e nomes de cônjuges. Apareceram nomes de pessoas ligadas a, pelo menos, nove petistas, entre eles o líder do PT, Paulo Rocha, e o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha.
- Esse primeiro cruzamento mostra que, de fato, assessores desses deputados estiveram no Banco Rural, naquela data, que coincide com o levantamento do Coaf, em relação a saques da conta do senhor Marcos Valério. Essa investigação deve ser aprofundada pela CPI dos Correios - afirmou Rodrigo Maia.
Em maio de 2003, Jair dos Santos, que trabalha no gabinete do deputado Vicentinho (PT-SP), esteve na agência pela primeira vez. Depois retornou nos dias 20 de agosto, 18, 24 e 25 de setembro. Nos dias 18 e 25 de setembro, dois saques foram feitos no valor total de R$ 550 mil da SMP&B, uma das empresas de Valério.
Em maio de 2003, Francisco da Silva Neiva Filho, que trabalha para o deputado Paulo Delgado, do PT de Minas Gerais, foi ao Banco Rural. Outro funcionário do deputado, Raimundo Ferreira da Silva, também esteve lá em março de 2004. A visita coincide com um saque da SMP&B de R$ 200 mil.
Josias Gomes da Silva (PT-BA) foi o único deputado que esteve pessoalmente na agência - duas vezes em setembro de 2003. Numa das visitas, no dia 18, saíram R$ 250 mil da conta da SMP&B.
Em julho de 2003, Anita Leocádia Pereira, do gabinete do líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Rocha (PT-PA), visitou a agência. Ela retornou ao Banco Rural cinco meses depois, em dezembro, no mesmo dia em que saíram da conta da SMP&B R$ 120 mil.
- Anita é minha assessora, portanto pelos levantamentos que eu fiz consta que ela foi em janeiro de 2005 numa clínica neurológica. É isso que me consta - defende-se o deputado.
O cruzamento de dados feito pelo deputado Rodrigo Maia encontrou pessoas ligadas a outros petistas na lista dos visitantes do Banco Rural, mas em dias em que o Coaf não registrou saques de R$ 100 mil ou mais.
Bruno Silva Nascimento, funcionário do deputado Zezéu Ribeiro, do PT da Bahia, foi à agência em março de 2003. Maria Aparecida da Silva, funcionária do gabinete do deputado Devanir Ribeiro, do PT de São Paulo, esteve no Banco Rural em janeiro de 2004. Em novembro de 2004, Geralda Magela Rodrigues, funcionária do deputado Sigmaringa Seixas, do PT do Distrito Federal, esteve na agência.
A mulher do ex-presidente da Câmara, o deputado João Paulo Cunha, Márcia Regina Milanesi Cunha, esteve no Banco Rural três vezes no mesmo dia - em 04 de setembro de 2003. A secretária dele, Silvana Paes Japiassu, também foi à agência duas vezes - em abril de 2004.
Luis Carlos da Silva que trabalha para o deputado Wasny de Roure, do PT do Distrito Federal, esteve no Banco Rural em junho de 2002, sem registro de saques nessa data.
O ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha, divulgou nota em que afirma que sua secretária e sua mulher foram à agência do Banco Rural tratar de problemas com contas de TV a cabo que só poderiam ser resolvido no Banco Rural, titular da cobrança - e que tem apenas uma agência em Brasília. Na nota, João Paulo afirma que um informe sobre as passagens delas pela agência foi entregue à CPI dos Correios.
O deputado Paulo Delgado disse que seu assessor Francisco Neiva Filho foi ao Banco Rural para fazer um pagamento de serviço de carpintaria. Ele mostrou comprovante do depósito. Já o outro assessor, Raimundo Ferreira da Silva, é militante do PT e disse ao deputado que foi ao banco pegar uma ordem de pagamento para o Diretório Nacional.
O deputado Sigmaringa Seixas disse que sua secretária foi ao Rural sacar R$ 400 recebidos por um trabalho particular. Ele apresentou à CPI a cópia do cheque descontado.
- Esse deputado sabe disso. Eu mandei essas informações para a CPI. E esse deputado faz uso das minhas informações para lançar dúvidas sobre a minha honra? Sobre um homem que ele sabe que é honrado? - reagiu.
O deputado Devanir Ribeiro disse que sua assessora Maria Aparecida trabalha na sua base, em São Paulo, e nunca esteve em Brasília.
O deputado Zezéu Ribeiro disse que não tem conhecimento da visita do seu assessor ao Banco Rural..
O deputado Vicentinho, que está na Turquia, não foi encontrado. Seu assessor, Mauro Rocha, diz que a pessoa que visitou o Banco Rural é um homônimo de outro assessor do deputado.
O deputado Josias Gomes da Silva disse que esteve no banco fazendo pesquisa sobre juros bancários, porque buscava um empréstimo pessoal.
O deputados Wasny de Roure não foi encontrado para comentar o assunto.
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