Denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na última quinta-feira (20), o senador Fernando Collor (PTB-AL) foi o primeiro parlamentar a chegar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para a sabatina que analisará a recondução de Janot ao cargo.
Collor chegou às 9h41 na CCJ, antes, portanto, do início da sabatina, que começou às 10 horas. Para questionar a recondução de Janot ao cargo, Collor (PTB-AL) apresentou um voto em separado no qual anexou à indicação da presidente Dilma Rousseff ao chefe do Ministério Público Federal um calhamaço de 158 páginas.
Janot diz que multa a delator de Eduardo Cunha aumentou por omissão na delação
Leia a matéria completaCollor chegou à comissão nesta quarta-feira (26) cinco minutos depois de Janot e sentou-se na primeira fila, em frente à cadeira do presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB). A comissão já abriu a sabatina e Janot já fez sua exposição inicial.
A papelada inclui as cinco representações que Collor – denunciado por Janot na Operação Lava Jato – move no próprio Senado em que acusa, entre outros supostos fatos, o chefe do MP de agir com seletividade e inércia em investigações, abuso de poder e indução, autopromoção e desperdício de dinheiro público. Todas essas representações visariam, em hipótese, ao afastamento do procurador-geral do cargo.
Constam ainda outros dois pedidos de auditoria feitos por Collor para que o Tribunal de Contas da União (TCU) realize duas auditorias em contratos da Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a gestão de Janot. Esses pedidos foram aprovados em sessão relâmpago após a deflagração da Operação Politeia, no dia 14 de julho, que levou a busca e apreensão contra Collor e outros dois senadores.
Desejo
Janot disse que sua intenção em permanecer no cargo de chefe do Ministério Público não tem como objetivo a “satisfação do ego”. De acordo com o procurador, a motivação se dá pelo apoio dado por integrantes do Ministério Público, que fez com que ele conquistasse 799 votos, liderando a lista tríplice da categoria, apresentada à presidente da República Dilma Rousseff, que posteriormente o indicou ao cargo. “O que me motiva a pretender novo mandato de procurador-geral da República? Digo a vossas excelências que esse desejo não se basta à satisfação do ego nem à sofreguidão do poder. Não é isso que me move”, disse, em sua apresentação à sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Janot aproveitou sua fala para dizer que poucas pessoas “têm a real noção do impacto pessoal” de ocupar o cargo de chefe do MP em sua vida. Ele citou que sua família “sofre” com ele as “situações penosas”. A esposa de Janot acompanha a sua sabatina na CCJ.
Como funciona
Se quiserem, os 81 senadores podem comparecer à CCJ para fazer perguntas ao procurador-geral, porém, apenas os integrantes titulares votarão o parecer que a comissão enviará ao plenário do Senado, com a recomendação ou reprovação do nome de Janot. Na falta de um titular, um suplente terá o direito de votar.
Assista a sabatina de Rodrigo Janot ao vivo:
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura