Atualizado em 13/05/2006 às 16h21
Uma série de ataques a delegacias, bases policiais e da guarda municipal deixou 30 mortos em 12 horas de horror em São Paulo. Destes, cinco são criminosos mortos durante confronto com policiais. Foram 11 policiais militares, cinco policiais civis, três guardas civis metropolitanos, quatro agentes penitenciários e dois civis - a namorada de um policial morto fora de serviço e um homem não identificado.
A ação dos criminosos é uma represália à transferência de presos. Na última quinta-feira, integrantes de facções criminosas começaram a ser transferidos para presídios do interior do estado. Foram 760 transferências apenas na quinta-feira.
Os ataques a pontos dispersos foram acompanhados de rebeliões em 22 presídios do estado. Pelo menos dois civis que estavam junto com policiais foram morto. Anamorada de um policial que foi atacado quando estava fora de serviço também morreu.
Até agora, 16 criminosos foram presos, alguns deles com ferimentos. Outros cinco foram mortos em confronto com a polícia.
- Vamos reagir de forma serena e firme, como ocorreu em 2003, quando houve ataques e rebeliões em todo o estado - disse Saulo de Castro Abreu Filho, secretário de Segurança do estado.
O governador Cláudio Lembo prometeu à população uma posição firme para conter a onda de violência. Na avaliação de Abreu Filho, o desafio dos bandidos tem como objetivo aumentar a sensação de insegurança da população.
- É como se dissesse: se até a polícia é atacada, imagine eu - afirmou o secretário.
O Ministério da jsutiça estuda como oferecer apoio do estado de São Paulo. Constitucionalmente, o ministério não pode interferir nos assuntos de segurança de São Paulo.
É a segunda ação desse tipo este ano em São Paulo. A primeira aconteceu em janeiro.
Os ataques começaram por volta de 20h e duraram seis horas. Foram 28 ataques a bases da polícia militar, vinte a policiais civis, quatro a postos da guarda civil, três a funcionários e postos da Secretaria de Administração Penitenciária.
Foram atingidas viaturas em patrulhamento e até uma unidade do Corpo de Bombeiros. A ação aconteceu em diferentes locais na capital, litoral e interior do estado. Foram registradas ocorrências em Mogi Mirim, São José do Rio Preto, Osasco, Cubatão, Guarujá e Serra Azul. Em Ribeirão Preto, uma granada foi atirada contra uma delegacia. Em Jundiaí, um policial foi morto por tiros dados por motociclistas. Em Campo Limpo Paulista, a base policial da cidade foi invadida.Na capital, a maior parte dos ataques aconteceu na zona leste. Foram treze ocorrências. Mas em bairros nobres, como Itaim Bibi, na zona sul, também houve ataques.
O secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, admitiu a ligação dos atentados à transferência de 765 presos para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, a 609 quilômetros da capital.
Na sexta-feira, oito chefes de uma facção criminosa do estado, incluindo Marcos Camacho, o Marcola, também foram removidos do interior para a sede do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), na zona norte de São Paulo. O secretário disse que o risco destas remoções foi calculado.
O secretário de Administração Penitenciária do Estado, Nagashi Furukawa, disse que foi feito um estudo meticuloso para isolar os detentos que exerciam algum tipo de influência dentro dos presídios e que seriam responsáveis pela série de rebeliões que vêm acontecendo. Neste ano, 42 motins já foram registrados no estado este ano.
- Eu imagino que a motivação dos presos é querer aparecer num ano eleitoral. Por isso, as inúmeras rebeliões e tentativas de fuga. Chegou num ponto em que nós dedimos transferir os líderes dessas facções criminosas para contê-los num lugar só, o que fica mais fácil. Não temos arrependimento nenhum.