Com maioria de estudantes, um ato de "descomemoração" dos 50 anos do golpe militar no país convocado por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos reuniu cerca de 400 pessoas no centro do Rio, no fim da tarde desta terça-fera (1º), e terminou em conflito com a PM. Acompanhados por mais de 50 policiais, elas caminharam pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, repisando o trajeto das manifestações de resistência nos anos 60, 70 e 80. Em frente ao Clube Militar, houve o embate com a PM. Manifestantes jogaram tinta vermelha nos policiais, simbolizando sangue, e eles responderam com bombas de efeito moral. Até as 19 horas não havia registro de nenhum ferido nem preso.
Também na Cinelândia, a Anistia Internacional Brasil lançou, mais cedo, a campanha "50 Dias Contra Impunidade". O objetivo é colher assinaturas online em apoio a revisão da Lei de Anistia, de 1979, para que os agentes de Estado que cometeram crimes durante a ditadura militar possam ser punidos. Voluntários em outras cidades brasileiras como Brasília, São Paulo, Goiânia (GO), Belém (PA), Dourados (MS) e Porto Alegre (RS) também se organizam para expandir a ação pelo País.
Na praça, a organização colocou 20 placas que representavam o escudo e a bota do Exército. Nelas estavam escritos fatos que marcaram a ditadura militar como "1970: Criação do DOI-Codi e de outros centros de tortura" e "1981: Atentado do Riocentro". A ação, no entanto, não apresentará uma proposta para mudança da lei. "Vivemos em um estado democrático, com legislação avançada de proteção dos direitos humanos. Por isso mesmo que não é possível que prevaleça, por um lado, a impunidade dos crimes contra a humanidade cometidos por agentes do Estado na ditadura, e, por outro, a repetição e a recorrência de crimes parecidos no presente", alertou o diretor da Anistia Internacional Brasil, Átila Roque.
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