Avó está em choque desde a morte do guitarrita dos Detonautas

"Os homens malvados tiraram meu netinho de mim". Desde a noite de domingo, dona Maria da Silva Neto, avó de Rodrigo Netto, repete essa frase sem parar. A senhora de 86 anos, mesmo à base de calmantes, passa os dias chorando e relembrando os momentos de desespero que viveu ao ver o neto que criou como filho baleado, no banco ao lado, no carro.

- Ela está em estado de choque, só faz chorar. Fica falando que o Netto morreu nos braços dela e chora copiosamente. Está muito transtornada - conta o pai de Rodrigo, Gilberto da Silva Netto.

O taxista passou a terça-feira no Hospital São Lucas, onde o filho Rafael, de 32 anos, continua internado, em condição estável:

- Para mim, eles eram um só. Agora eu tenho apenas a metade. O que fica é um vazio muito grande. A gente viveu uma vida normal até domingo. Mas, desde então, eu sei que não vou ter mais o "oi, pai" do filho querido quando chegar em casa. Ele era tão especial que só isso já era suficiente.

Vizinhos da família na vila de Botafogo, onde Rodrigo nasceu e morou até o ano passado, contaram que o músico tinha uma relação muito próxima com a avó:

- Ela sempre dizia que era muito amiga dos netos, principalmente do Pipo (como Rodrigo é chamado pelos amigos de infância). Tinha muito orgulho dele e sempre avisava quando o Detonautas ia aparecer na TV, para todo mundo ver. Por isso ela não pára de chorar, eles eram muito ligados - disse a dona-de-casa Alzira dos Santos, de 77 anos, que mora na vila há mais de 30.

A cantora da banda Cheiro de Amor, Alyne Rosa, que namorava o guitarrista há cerca de um ano, voltou para Salvador na segunda-feira, ainda muito abalada. Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas, deixou em seu blog uma última mensagem para o amigo: "Eu preferia que tivesse sido comigo. Sua forma leve de viver a vida deve ser um exemplo a ser seguido."