Relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa deixou para o próximo ano a decisão sobre o que fazer com o pedido do deputado cassado Roberto Jefferson para ouvir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do mensalão. Roberto Jefferson, até hoje presidente do PTB, partido da base aliada do governo, indicou Lula como uma de suas testemunhas de defesa. Com o adiamento da decisão, Joaquim chama para si um fato político que em 2010, ano de eleições presidenciais, tende a ganhar ainda mais dimensão: em plena campanha eleitoral, ele decidirá se o presidente da República terá de prestar depoimento na ação que investiga o maior escândalo de seu governo.
Procurado, Joaquim Barbosa informou por meio de assessores que prefere decidir sobre o depoimento do presidente quando chegar a vez das testemunhas que residem em Brasília. Com isso, a decisão sobre Lula será tomada apenas em 2010, uma vez que as testemunhas com endereço na capital federal serão ouvidas por último. O calendário de depoimentos foi dividido por cidades. Nesta semana, por exemplo, foram ouvidas as testemunhas do Rio de Janeiro.
A interlocutores, Joaquim já disse que pretende consultar o procurador-geral da República antes de resolver se intima Lula. Como presidente, Lula tem a prerrogativa de marcar data, hora e local para ser ouvido. Ele também tem a opção de responder as indagações por escrito. Como qualquer testemunha em juízo, o presidente terá de assumir o compromisso de não mentir. Além de Lula, Roberto Jefferson listou em seu rol de testemunhas de defesa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).