Pela terceira vez consecutiva, a bancada de apoio ao governo de Yeda Crusius (PSDB) esvaziou hoje a sessão da CPI que investiga supostos atos de corrupção praticados por agentes públicos no Rio Grande do Sul.

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Mesmo assim, a tarde foi tensa e tumultuada na Assembleia Legislativa gaúcha. Enquanto os quatro deputados da oposição ouviam áudios de grampos feitos pela Polícia Federal durante a investigação da Operação Rodin, que apontou desvios de R$ 44 milhões do Detran/RS em 2007, os oito parlamentares da base aliada davam entrevista reiterando entendimento de que as gravações não têm valor jurídico porque não foram requisitadas à Justiça em nome da CPI e não serão consideradas pelo relator Coffy Rodrigues (PSDB). "São documentos requisitados pela deputada Stela Farias, em nome dela, e não pelo plenário da CPI" justificou o tucano.

A maioria das gravações ouvidas pelos quatro deputados da oposição já havia sido divulgada pela imprensa e constam na ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal contra Yeda e outros oito réus por suposto envolvimento como beneficiários, operadores ou intermediários da fraude do Detran.

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A oposição quer usar as gravações como evidência de que as relações entre os participantes da fraude do Detran e agentes próximos à governadora precisa ser investigada mais a fundo. "À medida em que as provas vierem, a base do governo não terá como não participar", afirma Daniel Bordignon (PT).

Enquanto a situação não comparece para votar requerimentos, a oposição vai tentar ouvir alguns depoimentos voluntários e poderá convidar o vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM), o empresário Lair Ferst, réu do caso Detran, e ex-presidentes da autarquia.

Impeachment - O plenário da Assembleia Legislativa fará a leitura nesta quarta-feira do pedido de abertura de processo de impeachment da governadora apresentado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. A leitura da íntegra da denúncia é o primeiro passo do processo desde que a tramitação foi autorizada na semana passada pelo presidente do Legislativo, Ivar Pavan (PT).

Depois de lido, o texto será publicado no dia seguinte no Diário da Assembleia, que criará uma comissão de provavelmente 30 deputados para deliberar sobre a aceitação da denúncia.

Campanha - Enquanto a base prepara sua estratégia para a disputa na comissão, o Executivo divulgou, no final de semana, publicidade no rádio e televisão que critica "uma campanha de continuados ataques contra o governo que ferem a verdade e prejudicam a imagem do Estado".

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O deputado estadual Adão Villaverde (PT) considerou que a peça, de um minuto de duração, com narração em off, "extrapolou as atribuições de uma campanha publicitária" e vai pedir ação do Ministério Público do Estado e do Tribunal de Contas.

Na visão do parlamentar, a primeira parte da propaganda fere a legislação federal e estadual que definem a forma da publicidade oficial e seus objetivos. "O governo está obviamente defendendo alguns agentes e desviando de finalidade o uso que lhe é conferido para fazer propaganda", avaliou o deputado.

O governo não comentou a crítica e informou que a campanha tinha previsão para durar apenas três dias e já terminou.