Os líderes da base governista na Câmara decidiram em reunião nesta quinta-feira com o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), procurar na próxima semana o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para cobrar dele um posicionamento da instituição em relação ao que chamaram de onda de denuncismo contra os parlamentares.

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Os líderes querem que o presidente da Câmara convoque uma cadeia de rádio e televisão para defender a imagem da Casa ou que divulgue nota oficial nesse sentido, explicando a confusão da mistura de nomes de culpados e inocentes.

- É necessário que haja pronunciamento da direção da Câmara, para que a sociedade saiba o que nós pensamos a respeito disso - afirmou Chinaglia, em referência às listas com nomes de parlamentares e assessores divulgadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

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Henrique Fontana (RS), líder do PT, defendeu que tanto o Ministério Público quanto a Polícia Federal prossigam as investigações, "que deve ser rápida, aprofundada e com enorme responsabilidade", sobre os parlamentares supostamente envolvidos em fraudes na compra de ambulâncias, a chamada Operação Sanguessuga.

Os líderes dos partidos da base do governo exigiram que Rebelo negue-se a receber a nova lista de parlamentares suspeitos, esta elaborada a partir do depoimento de Maria da Penha Lino, que era assessora especial do Ministério da Saúde e foi presa na Operação Sanguessuga.

Em entrevista nesta quinta à rádio CBN, o ministro da Saúde, Agenor Álvares, disse que Maria da Penha agia como facilitadora para vencer a burocracia no esquema dos deputados que fraudavam a compra de ambulâncias para prefeituras. O ministro afirmou ainda que ela foi indicada pelo deputado federal José Divino (PRB-RJ) para o cargo. (Clique aqui e ouça a entrevista).

De manhã, chegou à Corregedoria uma nova lista com 81 nomes de deputados acusados por Maria da Penha. Os líderes se reuniram com o líder do governo, Arlindo Chinaglia, e decidiram pressionar Aldo a rejeitar a nova lista. A lista chegou quando os membros da Comissão de Sindicância aprovavam a convocação de pessoas para depor na investigação dos primeiros 16 acusados. Entre os convocados estão o delegado da PF Tardelli Boaventura e Maria da Penha, além dos investigados. Chinaglia e o líder do PTB, José Múcio, comandaram a reação da Câmara às listas.

— Do jeito que a funcionária falou, envolvendo 170 nomes, fica uma coisa horripilante pensar que tantos deputados estão envolvidos num esquema como este. A PF e o Ministério Público têm o dever de concluir o trabalho de investigação antes de mandar lista para cá. Uma lista de 81 nomes porque uma funcionária lembrou? Com uma delação premiada faz acusações a granel? Isso é rigorosamente insuficiente — disse Chinaglia.

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Os líderes aliados também querem que Aldo, por meio da Procuradoria da Casa, envie representação contra o delegado e o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pelo vazamento de informações que estão em segredo de Justiça.

A proposta a ser levada ao presidente da Câmara é a de que ele converse com os responsáveis pelas investigações, para que os nomes de deputados e senadores supostamente envolvidos não sejam divulgados antes de uma busca mais aprofundada. Os líderes também não descartam a possibilidade de sugerir a Aldo Rebelo convidar representantes do Ministério Público, da Polícia Federal e do Poder Judiciário para prestarem esclarecimentos sobre os critérios adotados nessas investigações.

— A Mesa precisa tomar uma posição. Temos de ser enérgicos com culpados mas também com quem acusa irresponsavelmente — cobrou Múcio.

A PF divulgou nota para rebater as acusações de que está fazendo acusações precipitadas. Ela diz que atendeu a pedido da Justiça Federal e enviou lista de nomes de parlamentares citados na investigação. "A Polícia Federal investigou e investiga apenas pessoas que não gozam de prerrogativa de foro especial, sendo descabidas as insinuações de que tenha produzido relatórios sobre o envolvimento de parlamentares nos crimes em questão".

Os líderes da oposição estão descrentes até do resultado da investigação contra os 16 parlamentares levados à Corregedoria. O PV e PSOL tentam colher assinaturas para instalação de uma CPI das ambulâncias. Mas sabem que não há condições políticas para ela prosperar.

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Também nesta quinta-feira, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou que em até oito dias os ministérios da Fazenda e do Planejamento vão editar uma portaria determinando que as compras feitas por entidades que recebem recursos do governo federal, como prefeituras e ONGs, deverão ser feitas atráves de pregão eletrônico. O ministro disse que a portaria dará um prazo para as entidades se adequarem à nova regra.

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