O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), divulgou os documentos que comprovariam o desvio de dinheiro da Visanet, empresa da qual o Banco do Brasil tem 33% do capital, para agências do empresário Marcos Valério de Souza, o que teria sido uma das principais fontes do suposto mensalão, que seria pago a parlamentares da base aliada. A descoberta desmonta versão dos empréstimos feitos pelo PT.
Segundo os documentos em poder de Serraglio, entre 2003 e 2004 a DNA, agência de publicidade de Valério, ganhou a exclusividade da publicidade do Visanet e o Banco do Brasil, empresa de economia mista, teria pago pelo menos R$ 10 milhões à agência sem comprovar a prestação do serviço correspondente.
"Estamos ainda procedendo o levantamento. Não temos ainda informações sobre a Eletronorte, o Ministério do Trabalho, o Ministério dos Esportes, enfim, os que tiveram relacionamento com as empresas de Marcos Valério. Temos este caso específico do Banco do Brasil, que de alguma forma avançou um pouco. É bom que eu reconheça publicamente que o Banco do Brasil também tem uma investigação em cima disso, exatamente para responsabilizar tanto quem fez internamente quanto a empresa que se beneficiou", disse o relator.
A CPI identificou ainda que, no mesmo período, foi divulgada uma nota técnica autorizando a antecipação do pagamento à agência. A DNA teria aplicado o dinheiro no próprio Banco do Brasil e, dois dias depois, o transferiu para o Banco BMG, que em seguida fez os empréstimos ao PT. Os valores serão anunciados na coletiva.
Mais cedo, Serraglio havia dito que pelo menos R$ 29 milhões saíram dos cofres da empresa para abastecer as contas de Valério, para em seguida serem repassados a partidos políticos.
"São dois pagamentos muito expressivos - um de R$ 35 milhões e outro de R$ 23,3 milhões -, valores pagos por uma estatal de uma só vez à empresa do Marcos Valério. Este repassou os recursos ao Banco Rural, que fez um empréstimo que nunca cobrou. Então é evidente que não é um empréstimo", explicou.
De acordo com Osmar Serraglio, do contrato de R$ 35 milhões, foram desviados R$ 10 milhões; e do contrato de R$ 23 milhões, foram desviados cerca de R$ 19 milhões.
Após revelar o nome do Banco do Brasil, Serraglio citou uma operação suspeita de R$ 10 milhões:
"Nós entendemos, e o Banco do Brasil confirma isso por meio de uma auditoria interna que ele procedeu, que pelo menos numa operação de R$ 10 milhões não está bem esclarecida. Coincidentemente, este é o valor do empréstimo à empresa do Marcos Valério."