Depois de três horas de depoimento na 6ª Vara Criminal Federal, no centro do Rio, os bicheiros presos na Operação Hurricane e acusados de integrar a máfia do jogo ilegal negaram as acusações. Segundo seus advogados, eles disseram desconhecer o suposto esquema de venda de liminares para favorecer bingos e caça-níqueis. Todos afirmaram não ser donos de máquinas de jogos de azar ou bingos. Após os depoimentos para a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, eles foram levados para um quartel militar cuja localização não foi divulgada. Os advogados dos três bicheiros entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal (TRF) nesta quinta. Na sexta-feira haverá mais depoimentos, a partir das 13h: José Renato Granado, vice-presidente da Associação dos Bingos do Rio; Paulo Lino, presidente da mesma entidade; e Júlio Guimarães, sobrinho de Aílton Jorge Guimarães, o Capitão Guimarães.

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Anísio Abraão Davi, segundo seu advogado, Ubiratan Guedes, negou acusações, afirmou não conhecer autoridades envolvidas na venda de sentenças para a máfia dos caça-níqueis e contou não ser dono de bingos ou máquinas de caça-níqueis. O presidente de honra da escola de samba Beija-Flor, de Nilópolis, contou à juíza que declarou no Imposto de Renda os US$ 47 mil encontrados na casa dele pelos policiais. Ainda segundo o advogado, Anísio dirá que seus carros de luxo apreendidos foram comprados com dinheiro da venda de vários imóveis na Baixada Fluminense. Sobre jogo do bicho, Anísio disse que já atuou no ramo, sim, mas que há muito tempo deixou. E acrescentou que se o jogo for legalizado, volta a explorá-lo.

Antonio Petrus Khalil, o Turcão, foi o último a depor e também se defendeu das acusações. Antes do depoimento ele passou mal, mas, segundo a assessoria da Justiça Federal, não teve nada de grave. Foi apenas um mal-estar. Desde a prisão, no dia 13, Turcão passara mal outras duas vezes: ao ser preso e no dia 21, quando foi internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília.

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Estão no Rio 17 dos 21 presos na Operação Hurricane que desde o dia 13 de abril são mantidos na carceragem da Polícia Federal, em Brasília ( veja fotogaleria da transferência dos presos). Todos os depoimentos devem ser tomados até 7 de maio. Quatro presos ficaram na PF, em Brasília, por serem servidores públicos e terem o direito da defesa prévia (a Operação Hurricane prendeu 25: três desembargadores e um produrador da República já soltos e mais os 21 mantidos na carceragem da PF).

Também nesta quinta máquinas de caça-níqueis foram apreendidas na Zona Oeste do Rio , em nova ação contra a máfia do jogo no estado. Na quarta dois dos três tesoureiros do jogo do bicho que estavam foragidos - e que teriam em seu poder US$ 15 milhões - se entregaram à polícia.

Desembargador sabia de investigação contra ele

Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal 'O Globo' informa que o ex-vice presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, desembargador José Eduardo Carreira Alvim, preso na Hurricane, sabia que estava sendo investigado . Em conversa gravada por grampo instalado em seu gabinete, Carreira diz ao desembargador José Ricardo de Siqueira Regueira, também preso na operação, ter sido informado por alguém do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o pedido de quebra do seu sigilo bancário.

Em entrevista coletiva nesta quinta, Regueira não comentou o assunto, mas se disse vítima de perseguição e acusou a Polícia Federal de querer desmontar o Judiciário.

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