A CPI dos Sanguessugas continua a investigação da compra de ambulâncias superfaturadas tomando depoimento, nesta segunda-feira, de assessores parlamentares. A reunião será a portas fechadas. Ainda nesta segunda, a comissão deverá decidir quando votará 50 requerimentos, entre eles a convocação dos ex-ministros da Saúde do governo Lula, Saraiva Felipe e Humberto Costa. Governistas também querem convocar o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso José Serra. A apresentação do relatório parcial está marcada para quinta-feira.

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Na teça-feira, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos proprietários da Planam, deverá reunir-se reservadamente, a partir da 9h, com o relator e o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO) e deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), para continuar esclarecendo dúvidas levantadas nas investigações da comissão.

Com a agenda da comissão cheia nesta semana, Biscaia, teme atrasos nas investigações, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal "O Globo" . Para o presidente da comissão, é preciso cautela com ações como a proposta por Amir Lando, que deseja pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 21 parlamentares que teriam recebido dinheiro vivo da máfia que desviava recursos do Orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas.

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Processo longo

Biscaia acredita que o processo será longo, poderá desviar o foco da comissão e deveria ser deixado para uma segunda fase da CPI.

A CPI foi instalada no dia 22 de junho. Até agora, 90 congressistas (87 deputados e 3 senadores) foram notificados a prestar esclarecimentos sobre denúncias de que teriam recebido propina para apresentar emendas para a compra dessas ambulâncias da Planam, empresa apontada como organizadora do esquema de fraudes.

O presidente da CPI afirmou, após ouvir depoimento de um dos donos da Planam, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin , na quinta-feira, que já há provas suficientes para comprovar a participação no esquema de um grande número de parlamentares.

Ainda segundo Biscaia, ficou confirmado no depoimento de Vedoin, realizado em caráter reservado a membros da CPI, que a quadrilha não atuava apenas no Ministério da Saúde, mas também em outras pastas do Poder Executivo, e que os recursos não vinham apenas do Orçamento da União, mas também de verbas extra-orçamentárias.

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Memorial do escândalo

Em entrevista nesta quinta, na Polícia Federal, o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), chegou a declarar que o depoimento de Vedoin era um "memorial do escândalo da corrupção do Orçamento". Ele defendeu a conclusão da primeira fase das investigações - sobre a participação dos parlamentares - e início imediato de uma segunda etapa de trabalhos, que investigaria a participação do Poder Executivo no esquema. A CPI chegou a criar, nesta semana, uma sub-relatoria para se debruçar sobre o envolvimento do Executivo, mas sem data para iniciar os trabalhos.

Entre os membros da CPI, há consenso sobre a necessidade de se iniciar uma segunda fase de investigações, mas não sobre a data de início dos trabalhos. O senador Sibá Machado (PT-AC), por exemplo, afirmou nesta quinta que não é possível dar prosseguimento às apurações antes de outubro, data das eleições, porque os parlamentares estão em campanha nos seus estados e "não haveria tempo hábil para investigar tantas coisas".