Um Congresso inteiro sob suspeita. Esta é a opinião do presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), após divulgar a lista dos 57 parlamentares (9,55% do Congresso) acusados de apresentar emendas ao Orçamento da União que teriam resultado na compra superfaturada de ambulâncias, ônibus escolares e outros equipamentos. Eles passam a ser investigados tanto pelo Ministério Público quanto pela CPI.
- Acho que os fatos divulgados a partir da denúncia colocaram sob suspeita não só 10%, mas a integralidade do Congresso. Até a apresentação do relatório final, creio que os 513 deputados e os 81 senadores, de alguma forma, estão sob suspeita. O Ministério Público Federal considera que não são todos, que são apenas 57. Nós vamos apresentar a nossa posição no relatório final - afirmou.
O presidente da CPI enfatizou, no entanto, que a divulgação da lista não significa que os parlamentares são culpados. E, sim, investigados.
- Nem a Procuradoria e nem nós temos certeza dos culpados, porque se o procurador tivesse certeza, ao invés de pedir abertura de inquérito, teria feito as denúncias - disse o petista.
Biscaia disse que o ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do caso, manteve o segredo de Justiça dos inquéritos, mas reconheceu que a comissão pode divulgar os nomes daqueles que estão sendo notificados pela CPI. A maior investigação da História do Congresso envolve partidos da base governistas e da oposição. Na lista dos 57 suspeitos estão 36 parlamentares de legendas ligadas ao mensalão: o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson tem 13 deputados, mesmo número do PP, enquanto o PL tem 10 deputados na relação dos investigados.
O PT não tem qualquer parlamentares suspeito de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Já os dois principais partidos de oposição tem sete deputados na lista: quatro do PSDB e três do PFL. O PMDB tem cinco (sendo um deles o único senador da relação, Ney Suassuna), o PSB tem quatro, PSC (dois), PRB (dois) e PPS (um). Entre as bancadas, a que tem mais suspeitos é a do Rio de Janeiro, com 13 deputados.A maioria dos parlamentares acusados vai tentar se reeleger em outubro. Logo após a divulgação da lista, partidos que tiveram seus integrantes citados, começaram a se manifestar.
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