O engenheiro Márcio Pellegrini, que representa o consórcio de empresas responsável pelas obras da linha 4 do metrô, informou que as buscas aos desaparecidos no desabamento estão sendo retomadas nesta terça-feira. Segundo ele, foram feitas análises do terreno durante a madrugada e ficou constatado que há estabilidade para o trabalho. As buscas serão retomadas pelo túnel da Avenida Faria Lima, onde está soterrada a van, e pelo túnel da Marginal Pinheiros, onde possivelmente há um corpo, que pode ser do motorista do caminhão.
- As buscas haviam sido suspensas na noite anterior por risco de novos desabamentos. Dados os trabalhos e avanços alcançados na noite e madrugada desta terça-feira e a nova avaliação de construtores e projetistas, concluiu-se que o estado atual de concretagem, sustentação das paredes, bem como a estabilidade alcançada, permitem a retomada das buscas imediatamente - afirmou o engenheiro.
No túnel da Marginal Pinheiros, diz o engenheiro, vai se iniciar em breve uma escavação para alívio de pressão e estabilização do solo.
Parentes indignados
Os parentes das vítimas do acidente na Estação Pinheiros do Metrô haviam ficado revoltados com a suspensão das buscas no local. Nesta madrugada, o Corpo de Bombeiros informou que só retomaria os trabalhos na cratera daqui a três ou quatro dias. Parentes ficaram indignados.
- Nós sabemos que meu marido está morto, mas queremos tirar ele de lá. Ele não é indigente - disse emocionada Thais Gomes, esposa de Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da van soterrada.
- É triste falar, mas agora o que queremos é tirar os corpos para o vélório. O que é que vai ter lá (na cratera) daqui a três dias? - disse Jorge Bezerra, primo de um dos desaparecidos.
Na superfície, continuam os trabalhos de retirada de entulhos. De acordo com os bombeiros, dois corpos foram encontrados, mas apenas um foi retirado do local do acidente, o da aposentada Abigail Rossi Azevedo, enterrada nesta segunda-feira em Santo Amaro. Ela foi encontrada por volta de 4h50. O outro corpo foi localizado pelos bombeiros dentro da van, mas ainda não pôde ser identificado, nem retirado do local.
Riscos
Buscas foram suspensas por risco de novos desabamentos - Paulo Bravos - Diário de S. Paulo O secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, disse que as empresas do consórcio poderão ser indiciadas, caso as investigações apontem responsabilidade delas no acidente. O Ministério Público poderá embargar a obra.
O coronel João dos Santos Souza, comandante do Corpo de Bombeiros da Região Metropolitana de São Paulo afirmou que os bombeiros só voltarão à atividade com a autorização dos engenheiros do consórcio Via Amarela e ratificou que não é possível ver dentro do microônibus.
- Resgatamos o corpo de Abigail Rossi de Azevedo e conseguimos ver outra vítima no último banco da van, que não pôde ser retirada do local - explicou Santos.
A primeira informação do coronel João Santos era de que o segundo corpo encontrado dentro da van era de uma mulher. No início da noite, ele voltou atráse afirmou que apenas o Instituto Médico Legal (IML) poderia confirmar o sexo da vítima. O corpo ainda não foi identificado e segue preso dentro da van que foi soterrada com o deslizamento da obra.
De acordo com Santos, havia muita dificuldade para içar o veículo nesta segunda-feira. Os problemas começaram no início da tarde, por causa de novos deslizamentos . Pouco tempo depois, a escavadeira que está sendo utilizada no local do acidente não conseguia mais alcançar a terra que deveria ser removida para chegar à van e, por isso, por algumas horas, o serviço voltou a ser feito por túneis subterrâneos.
Desaparecidos
Continuam desaparecidos Reinaldo Aparecido Leite, de 43 anos, o motorista da van; Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da lotação; Márcio Rodrigues Alambert, de 31, funcionário público; Francisco Silvino Torres, de 47 anos, motorista de um dos caminhões que trabalhavam na obra; e a advogada Valéria Marmit. A identidade do outro suposto passageiro da van ainda não é conhecida.
Nesta terça-feira, às 5h, uma faixa de rolamento da pista local da Marginal do Pinheiros foi liberada para o trânsito na região do acidente. A pista expressa da Marginal Pinheiros foi liberada às 17h desta segunda-feira. A Defesa Civil espera vistoriar e fazer uma avaliação de todas as casas da região interditada. No momento, 45 imóveis seguem interditados e 132 pessoas tiveram de deixar suas casas. Cinco imóveis comerciais foram liberados pela Defesa Civil nesta segunda.
De acordo com o consórcio Via Amarela, que realiza as obras do ramal, as fortes chuvas que caíram na capital paulista entre dezembro e o começo de janeiro podem ter causado o desabamento . O consórcio descartou ainda negligência ou falhas que possam ter causado o acidente. Um engenheiro do consórcio admitiu que o teto da laje cedeu antes do desabamento e havia trincas. O vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, falou nesta segunda-feira sobre falha de engenheiros. Mas o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) vai preparar um laudo sobre o acidente.
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