Suspensão dos vôos da BRA não vai afetar Afonso Pena
A decisão da companhia aérea BRA Transportes Aéreos S/A de suspender temporariamente todos os seus vôos domésticos e internacionais não vai provocar transtornos no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Leia matéria completa
Presidente da BRA renunciou há 4 dias
Quatro dias antes de a companhia aérea BRA anunciar nesta terça (6) que solicitou a suspensão de todos os seus vôos, a empresa havia divulgado a renúncia do presidente-executivo da empresa, Humberto Folegatti. Ele permaneceu no Conselho de Administração da BRA, terceira maior companhia aérea do país. Leia matéria completa
A BRA Transportes Aéreos S/A informou, em nota divulgada nesta terça-feira, que solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a suspensão temporária de todos os seus vôos domésticos e internacionais a partir desta quarta-feira, dia 7.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a BRA espera um aporte de capital para que possa continuar suas operações, mas não entrou com um pedido de falência. Em dezembro do ano passado, um grupo de investidores incluindo o Goldman Sachs e o Bank of America comprou 20% da companhia aérea por valor não revelado.
A lista de sócios inclui ainda Darby BBVA Overseas Investments, Development Capital, Gávea Investment Fund, do ex-presidente do BC Armínio Fraga, HBK Investments e Millennium Global Investments.
A suspensão dos vôos da BRA irá resultar na demissão de 1.100 funcionários, que já estão sob aviso prévio. A empresa, que começou operando vôos charters em 2000, mantinha vôos regulares desde 2006 para 35 destinos, que chegavam a 50 nos fins de semana.
Endosso das passagens para outras companhias
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu enviar uma equipe de técnicos à sede da companhia aérea BRA para apurar os motivos do pedido de cancelamento de todos os vôos. A preocupação do governo é atender aos passageiros que já estão em trânsito com bilhetes da companhia, ou seja, aqueles que precisam retornar às cidades de origem. A Anac vai procurar outras companhias aéreas para tentar acomodar esses passageiros em seus vôos.
Já o ministro da defesa, Nelson Jobim, informou que ainda não há garantias de reembolso ou de endosso das passagens para as pessoas que têm bilhetes da BRA e ainda não viajaram.
A TAM já informou que não aceitará as passagens da companhia . Além disso, a BRA não faz parte da câmara de compensação de bilhetes do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea). Por isso, as outras companhias que fazem parte desta câmara (TAM, Gol, Varig e a maior parte das companhias regionais) não têm obrigação de receber os passageiros e o endosso depende de negociação direta entre as empresas.
Procuradas pelo Globo Online, Gol e Varig ainda não informaram que posicionamento irão tomar em relação ao assunto.
No Rio, o Tribunal de Justiça informou que os passageiros da BRA Transportes Aéreos que possuem bilhetes da companhia podem recorrer aos dois postos de atendimento da Justiça nos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont , mas esclareceu que os Juizados Especiais Cíveis só atendem casos de tentativa de conciliação ou acordo entre passageiros e empresa aérea.
Site sai do ar
A BRA não tem estimativas de quantos passageiros ainda detêm tíquetes da companhia e poderão ser afetados com a decisão. De acordo com a nota da companhia, os consumidores que se encontram nesta situação foram orientados a ligar para o número (11) 3583-0122 para pedir o ressarcimento ou a reacomodação em vôos de outras empresas, antes de dirigirem-se aos aeroportos.
O número, no entanto, só dá sinal de ocupado. A assessoria de imprensa garantiu que a linha está em funcionamento, e afirmou que o excesso de ligações pode ter provocado um congestionamento. O site da companhia estava fora do ar nesta terça-feira e alguns telefones da empresa estavam desligados.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, a operadora de turismo PNX, pertencente a um dos donos da BRA, continua funcionando.
Segundo dados da Anac de setembro, a empresa tinha 4,6% do mercado doméstico, à frente da Ocean Air, que estava com 2,61%.
A BRA faz em média 315 vôos por mês para 26 destinos nacionais e três internacionais e possui mais de 800 funcionários.
Curta trajetória marcada por sustos
Durante o curto período em que a BRA atuou com vôos regulares, não faltaram sustos para os passageiros. No dia 18 de outubro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) havia suspendido os vôos internacionais da empresa após problemas em seus dois Boeings 767. Os aviões tinham passado por uma inspeção completa no Rio de Janeiro e em Natal, depois que uma das aeronaves chegou do exterior com problemas nas turbinas.
A decisão foi tomada depois de uma série de reclamações. De acordo com dados da Anac, entre 26 de agosto e 26 de setembro, foram registradas 454 queixas contra a BRA, sendo que 224 resultaram em autos de infração, o que pode implicar em pagamento de multas. Foram 39 por atrasos de vôos, 15 por desvio de bagagem, 15 por overbooking e 17 decorrentes de cancelamentos de vôos. Há ainda denúncias do Sindicato dos Aeronautas sobre excesso de carga de trabalho da tripulação, com jornadas de até 22 horas.
Acordo com a OceanAir fechado em maio
Em maio deste ano, a BRA e a OceanAir fizeram um acordo para compartilhar vôos no mercado doméstico . Juntas, as duas empresas tiveram 5% dos vôos dentro do Brasil entre janeiro e abril.
Em agosto, o presidente Lula esteve na sede da Embraer, em São Paulo, para comemorar a venda de 20 jatos da empresa para a BRA, no valor de US$ 730 milhões.
- A partir do momento em que uma companhia área opta por um modelo de jato capaz de fazer a interligação dos grandes centros com os menores e entre as várias regiões do Brasil, é sinal de que aviação regional pode e vai crescer. E com mais freqüência e mais assentos, reduzir os custos operacionais e os preços dos bilhetes - disse o presidente, na ocasião.
Procurada, a Embraer disse que não tinha nada a comentar sobre o status atual da encomenda.
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