O braço direito do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), Wilson Carlos, realizou exame de corpo de delito na manhã desta sexta-feira (18) no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Ele está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), onde também estão o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB).
Carlos chegou na quinta-feira (17) à noite em Curitiba, vindo do Rio – onde havia sido preso. Ele foi alvo de dois pedidos de prisão, um temporário (válido por cinco dias) e um preventivo, expedidos pelas Justiças do Rio de Janeiro e de Curitiba.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), que apresentou a denúncia, Carlos era o braço direito do ex-governador, um dos operadores administrativos do esquema de propina para fechar contratos de obras de grande porte e também responsável pela organização da cobrança.
Citado em delação
O nome de Wilson Carlos foi citado na delação premiada do ex-executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Clóvis Primo, na qual ele disse que houve um pedido do então secretário para que fosse pago propina a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Ele também teria participado do acerto de propina entre a construtora e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). O caso do Comperj é investigado pela força-tarefa da Lava Jato de Curitiba por envolver a Petrobras.
O ex-governador Sérgio Cabral, considerado o chefe do esquema, foi alvo de dois mandados de prisão preventiva, um expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e outro pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba. Ele foi levado para o complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. O ex-governador ficará na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, que é destinada a pessoas formadas no ensino superior. Cabral graduou-se em jornalismo.
Operação Calicute
De acordo com os procuradores da Operação Lava Jato, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) recebia “mesadas” entre R$ 200 mil e R$ 500 mil de empreiteiras. Cabral e mais sete pessoas foram presas nesta quinta-feira (17) na Operação Calicute, a 37.ª fase da Lava Jato, por suspeita de desvios em obras do governo estadual feitas com recursos federais. O prejuízo é estimado em pelo menos R$ 220 milhões.
Segundo o MPF, Cabral chefiava a organização criminosa e chegou a receber R$ 2,7 milhões em espécie da empreiteira Andrade Gutierrez. A 37.ª fase da Lava Jato foi um desdobramento das delações premiadas da construtora e também da Carioca Engenharia.
Além de Cabral e Carlos, foram presos Hudson Braga, ex-secretário de obras do Rio, Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, sócio de Cabral na empresa SCF Comunicação, os operadores financeiros Luiz Carlos Bezerra, Wagner Garcia, José Orlando Rabelo, e Luiz Paulo Reis, laranja e sócio de Hudson.
De acordo com o MPF, as negociações entre as empreiteiras e as autoridades eram mediadas por Wilson Carlos, a quem cabia a distribuição da propina. Os investigadores suspeitam que parte deste dinheiro era distribuído para deputados estaduais, federais e outros agentes políticos que serão alvos de próximas etapas da investigação.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada