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O chanceler Celso Amorim disse neste sábado (11) em Genebra que o Brasil ainda está disposto a atuar como mediador na questão nuclear iraniana, se alguma das partes envolvidas na negociação pedir.

A declaração foi feita na conferência Revisão Estratégica Mundial, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Amorim insistiu em que o Brasil acredita que o conflito em torno do programa nuclera iraniano pode ser solucionado pela negociação.

O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, havia dito que voltaria à mesa de negociação após o mês sagrado islâmico do Ramadã, mas ainda não há uma data oficial.

O ministro brasileiro se disse decepcionado pelo fato de o acordo mediado por Brasil e Turquia em maio ter sido "ignorado".

"Foi um acordo que falava de quantidade, de tempo e de lugar", disse. "Fizemos o que nos foi pedido e nos decepcionou muito que o acordo não tenha sido usado."

O acordo foi firmado em 17 de maio, mas o Conselho de Segurança da ONU acabou aprovando novas sanções ao Irã três semanas depois.

As potências ocidentais temem que o Irã use seu programa nuclear com fins militares -o que Teerã nega.

Relação com EUA

Amorim também voltou a minimizar o suposto " esfriamento" das relações do Brasil com os Estados Unidos depois da discordância diplomática em relação ao Irã, mas afirmou que o incidente sugere que as reformas das instituições globais serão difíceis.

Para Amorim, a oposição de grandes potências após uma mediação do Brasil e da Turquia sobre acordo sugere que elas resistirão a mudanças na ordem mundial, como reformas no Conselho de Segurança da ONU.

Amorim disse que os Estados Unidos e o Brasil discordaram apenas sobre a tática a ser usada no Irã, não em objetivos estratégicos.

"Não vejo problema algum entre o presidente Lula e o presidente Obama", afirmou. "Temos de ser pessoas maduras e temos de entender que as pessoas, especialmente pessoas maduras que concordam com os mesmo objetivos, podem discordar nas táticas."

Amorim afirmou concordar com um comunicado emitido na conferência em Genebra pelo vice-secretário de Estado norte-americano, Jim Steinberg, de que as discordâncias dos EUA na tentativa de mediação brasileira e turca tinham a ver com táticas e que não sinalizavam uma divergência de interesses ou objetivos.

Mercosul e Unasul

O chanceler brasileiro também disse, em entrevista à France Presse, que o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) podem ser "mais efetivos" do que a OEA na mediação de boas relações entre os países da América do Sul.

"A OEA tem seu papel, porque muitos países que não fazem parte da Unasul e do Mercosul, como os países da América Central e do Norte e os Estados Unidos, e também porque tem uma organização jurídica mais acabada, o que em alguns casos pode ser necessário", disse.

"Acho que para o exercício de bons ofícios entre os países sul-americanos, a Unasul ou o Mercosul, dependendo do caso, podem ser mais efetivos", defendeu o chanceler brasileiro.

"Unasul e Mercosul são totalmente complementares", destacou.

Sobre a Unasul, a união de 12 países da América do Sul, Amorim disse "já ter se provado muito eficaz, agindo discretamente algumas vezes, como nas tensões entre Colômbia e Venezuela, quando o (ex) presidente argentino Néstor Kirchner participou da reunião".

"A própria chanceler da Colômbia agradeceu ao presidente Lula e à Unasul", lembrou.

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