A imagem mais comum da Antártica é a de um lugar remoto, cheio de gelo e totalmente desconectado do país de praias e matas densas. Mas não é bem assim. Algumas regiões do Brasil estão mais próximas do continente gelado do que da floresta amazônica, e alterações na camada de gelo antártico e na biodiversidade local têm um impacto tão profundo no país quanto as queimadas na Amazônia, sobretudo em tempos de aquecimento do planeta.
A consciência desse papel tem aumentado nos últimos tempos entre os cientistas e culmina agora com a participação inédita do Brasil no Ano Polar Internacional (API) que começa nesta quinta-feira. O país integra a iniciativa com sete projetos, orçados em R$ 9,2 milhões, e a certeza de que a compreensão do que ocorre por lá é estratégica para o clima, a biodiversidade e a economia nacionais. É o maior esforço conjunto do país no continente desde a criação do Programa Antártico Brasileiro, em 1982.
- A participação do Brasil é resultado desses 25 anos de experiência. São mais de 20 anos de continuidade de pesquisa, apesar da falta de recursos. Para o Brasil, é um fenômeno em termos de ciência - afirma a bióloga Edith Fanta, da Universidade Federal do Paraná, integrante do comitê internacional do API.
E o API tem nesta quarta edição um desafio inédito e urgente: compreender melhor o impacto do aquecimento global em formações de gelo que permaneceram estáveis por milênios, mas que, nos últimos anos, apresentam uma acelerada redução. Determinar como funciona o intrincado sistema climático mundial e como tamanho degelo vai alterar a vida no planeta são algumas das principais metas desse programa de estudo, que reunirá cientistas de 65 países.
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