O advogado e administrador de empresas Rogério Buratti, acusado de envolvimento em um esquema de pagamento de propinas a prefeituras em troca de favorecimento em licitações, não respondeu a tudo que lhe foi perguntado durante o interrogatório feito pelo Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Civil na sexta-feira, de acordo com o jornal "Valor Econômico". De acordo com a reportagem, Buratti teria afirmado aos promotores e ao delegado que os assuntos deverão ser tratados por ele em seu novo depoimento na CPI dos Bingos no Senado, na quarta-feira.

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Em reportagem publicada nesta segunda-feira no jornal, o delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Valencise, afirmou que Buratti, ex-assessor do ministro da Fazenda Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, recusou-se a detalhar um suposto financiamento da campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 por empresários de casas de bingo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Segundo Valencise, Buratti também não falou sobre seu relacionamento com Jeane Mary Córner, que se auto-intitula como "promotora de eventos" em Brasília.

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- A impressão que tivemos é que ele deu um recado, um pequeno recado. Se o hostilizarem ou chutá-lo, ele está com a língua solta - disse ao jornal o promotor Luiz Henrique Passini Costa, que participou do interrogatório dado por Buratti usando o instrumento da delação premiada, pelo qual o acusado negocia informações em troca de redução da pena.

No domingo, o ministro da Fazenda e ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, negou as acusações feitas pelo ex-assessor de que teria participado de um esquema de corrupção para favorecer o PT com dinheiro de empresas privadas e de ter recebido da empresa Leão & Leão propina mensal de R$ 50 mil à prefeitura durante sua gestão.

Nesta segunda-feira, as mais de 4.200 páginas do inquérito que investiga o esquema de fraudes em licitações ambientais na região referente ao ministro da Fazenda seguem para o Supremo Tribunal Federal, em Brasília, que deverá decidir se atende ao pedido da CPI dos Bingos de fornecimento das informações. Também nesta segunda-feira, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, solicitará ao Ministério Público do Estado de São Paulo o depoimento de Buratti, no qual ele cita Palocci e eventuais documentos que se refiram ao ministro.

Para Valencise e Passini, as evidências documentais contra Buratti e a empresa Leão& Leão já eram consistentes antes mesmo do depoimento do administrador de empresas e a denúncia por formação de quadrilha deve ser apresentada ainda este mês. De acordo com a reportagem, a investigação no plano estadual vai prosseguir para os outros prefeitos citados por Buratti: o sucessor de Palocci, Gilberto Maggioni, e os prefeitos tucanos de Sertãozinho, Matão e Monte Alto. Para cada prefeito citado, com exceção de Palocci, será aberto um inquérito específico.

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