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Em seu primeiro pronunciamento em sua visita ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reforçou o objetivo do país de reduzir sua dependência do petróleo. Bush, que visitou um terminal da Transpetro e conheceu o processo de produção do biodiesel juntamente com o presidente Lula, disse estar "muito otimista com o uso das fontes alternativas de energia".

Afirmou acreditar que os dois países podem liderar o processo mundial de produção. O marco inicial foi assinatura de um memorando de entendimento. O presidente americano se rendeu à cana-de-açúcar que, segundo ele, "é de longe a fonte mais eficiente para a produção de etanol". Os dois países assinaram um acordo no setor, que muitos analistas vêem como vago. A rede CNN informou que protestos ecoaram em São Paulo refletindo o temor de que EUA e Brasil estejam desenhando um novo cartel energético - agora com o etanol - nos moldes da Opep.

- Dependendo de petróleo, temos uma questão de segurança nacional. Nossa dependência do combustível de outra pessoa significa que estamos dependentes de suas decisões - afirmou o presidente dos EUA.

Além disso, Bush destacou aspectos positivos do uso dos combustíveis alternativos, como ganhos ambientais e geração de renda. Ele espera que os EUA saltem dos atuais 5 bilhões de galões de etanol produzidos diariamente para 35 bilhões até 2017 .

- O etanol e o biodiesel vão ajudar a melhorar a qualidade do meio ambiente de nossos países. Então, sou muito favorável a promover as tecnologias que vão permitir que o etanol e o biodiesel se tornem competitivos e que se sejam baratos para as pessoas nos nossos países e também nos países vizinhos - disse.

Ao lado de Lula, Bush, acrescentou em seu discurso que a taxa de desemprego no Brasil pode cair com a parceria dos dois países.

- Uma política de uso de etanol e de combustível alternativo gera mais emprego aqui. Vamos depender de pessoas que trabalham na terra e existe, então, uma distribuição de riqueza e oportunidades para agricultores, principalmente os pequenos. Isso vai fazer com que as economias tenham uma fundação mais sólida.

Já o presidente Lula, que falou antes de Bush, demonstrou estar entusiasmado com o acordo.

Apesar de não ter citado a sobretaxa aplicada no etanol brasileiro, Lula falou sobre os aspectos ambientais, a possibilidade de geração de emprego e de renda. Na quinta-feira, durante encontro com o presidente alemão, Horst Köhler, em Brasília, Lula comentou que os subsídios agrícolas dos EUA são "nefastos" para os países pobres .

Segundo ele, o acordo poderá significar "um novo momento da indústria automobilística no mundo, dos combustíveis renováveis e da humanidade".

Namoro começou em 2005

Lula também enfatizou que o memorando de entendimentos para a cooperação na área é "uma resposta ao grande desafio energético do século XXI".

- Esta é uma parceria ambiciosa e voltada para todos os aspectos da incorporação definitiva do etanol na matriz energética de nossos países. Esse acordo torna realidade uma idéia que nasceu por ocasião de um encontro em Brasília, em 2005, quando Bush conheceu a história de sucesso brasileira dos biocombustíveis. Eu tinha uma verdadeira obsessão pelos biocombustíveis e quase que ele não consegue almoçar de tanto que falei sobre o assunto - brincou o presidente.

E completou:

- Penso que isso foi importante porque, nem sempre, o mundo está preparado e apto para mudanças importantes até as pessoas se convencerem de que o planeta Terra precisa ser despoluído e que está nas nossas mãos, que o poluímos no século XX, a tarefa de o despoluirmos no século XXI.

Lula procurou ressaltar o aspecto social da produção de biodiesel, citando a geração de emprego e de renda, sobretudo na região do semi-árido nordestino onde o plantio de oleaginosas é muito comum.

O presidente brasileiro disse ainda que o acordo entre EUA e Brasil poderá colaborar para o desenvolvimento em outros países da América do Sul, do Caribe, da África e da Índia.

- É preciso criar bases no mercado mundial. Temos uma responsabilidade e um desafio muito especial (...) É preciso superar a dependência dos combustíveis fósseis. No momento em que somos chamados para agir contra o aquecimento global, tudo o que fizermos será um ganho. A tecnologia é nossa grande aliada na empreitada, os ganhos no Brasil se refletem no desenvolvimento de novas tecnologias e na criação de uma matriz energética mais limpa.

Em visita ao terminal da Transpetro, Bush conheceu as plantas usadas na produção de biodiesel, motores e veículos flex fuel.

Almoço e encontro reservado

Após o evento na Transpetro, ambos os presidentes seguiram para o hotel Hilton, onde terão um almoço com o governador José Serra.

Em seu pronunciamento, Bush já havia manifestado a vontade de conhecer a culinária brasileira.

No entorno do Hilton, perto da entrada do estacionamento, manifestantes queimaram um boneco de Bush. O exército acompanha os protestos.

A comitiva do presidente americano foi obrigada a entrar por um outro acesso para desviar dos protestos.

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