Mário Celso, líder do prefeito na Câmara: possível suplente de Ricardo Barros.| Foto: Irenere Roiko/CMC

Remuneração generosa

Secretariado receberá mais que o presidente Lula

Com o reajuste de 20% aprovado ontem, os secretários de Curitiba passarão a ter um salário superior ao do presidente Lula, que ganha R$ 11,2 mil. O valor pago também será superior ao que os ministros recebem, R$ 10,7 mil ao mês.

Atualmente, a remuneração do secretariado de Curitiba já é a maior das capitais do Sul do Brasil. Em Porto Alegre, o subsídio dos secretários é de R$ 8,5 mil e, em Florianópolis, de R$ 9,2 mil. Os vencimentos dos secretários de Curitiba seguem ainda o mesmo padrão do salário do prefeito da capital paranaense, que também é o maior das capitais do Sul (leia mais abaixo).

Alguns vereadores governistas e a prefeitura argumentam que o pagamento é justo porque se os secretários ou o próprio prefeito exercessem uma função semelhante em uma empresa privada, o salário seria até maior que o pago pelo município.

O gerente regional em Curitiba da empresa Michael Page – especializada em recrutamento de executivos –, Roberto Picino, afirma que, de fato, as remunerações pagas no poder público estão abaixo da média do que recebem diretores de grandes empresas. Ele ressalta, porém, que não é possível comparar o setor público com o privado e que a remuneração dos executivos costuma ser composta com base em resultados, o que não acontece em uma prefeitura. (CO)

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Os vereadores de Curitiba aprovaram ontem, em primeira votação, a proposta da Mesa Executiva da Câmara que reajusta em 20% o salário dos secretários municipais e "oficializa" os vencimentos do prefeito de Curitiba em R$ 26,7 mil. Com o reajuste, o salário dos 20 secretários, do procurador-geral de Curi­­­tiba e dos sete presidentes de institutos municipais passará de R$ 10 mil para R$ 12 mil.

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A proposta passa hoje por se­­­gunda votação e, se novamente for aprovada, segue para sanção do prefeito Luciano Ducci (PSB). Se­­­gundo o líder da prefeitura na Câma­­ra, Mário Celso (PSB), Ducci deverá sancionar a lei. O reajuste já deve ser pago na folha de pagamento de maio.

O aumento terá um impacto de aproximadamente R$ 486 mil nos cofres de Curitiba ao longo deste ano – considerando apenas os secretários e presidentes de institutos municipais. Com o valor, seria possível comprar 255 cestas básicas por mês, no valor de R$ 238 cada, até o fim deste ano.

Aumentos não repassados

O líder do prefeito na Câmara explicou que o índice de 20% foi fixado com base no reajuste dos últimos quatro anos concedido aos servidores comissionados – aumentos que não haviam sido repassados ao primeiro escalão.

A proposta de reajuste do secretariado contou com o apoio até da bancada de oposição ao prefeito na Câmara de Curitiba. "Existe uma lei do município que vincula o subsídio dos secretários ao maior salário do funcionário de carreira do município. E o reajuste condiz com essa legislação", afirma a verea­­dora Professora Josete (PT), para justificar o apoio da oposição ao projeto.

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O bloco de oposição apresentou duas emendas ao projeto – am­­­­bas relacionadas ao salário do prefeito. Uma das emendas reduzia para R$ 19,1 mil o salário de Ducci. Na discussão em plenário, Josete justificou que o prefeito de Curitiba é o mais bem pago das capitais do país. "O segundo [salário] mais alto é o do prefeito de Belo Horizonte, que está na faixa de R$ 19 mil. Então propomos um valor próximo a isso", afirmou a vereadora. A emenda, no entanto, foi rejeitada.

A maioria dos vereadores também foi contrária à outra emenda, que impedia o reajuste automático do salário do prefeito toda vez que houver aumento dos vencimentos do servidores concursados.

Hoje já há essa vinculação e o índice do reajuste é o mesmo para prefeito e funcionários. É por essa razão que o salário de Ducci hoje já corresponde ao teto do funcionalismo público – R$ 26,7 mil –, embora o valor só tenha sido "oficializado" em lei específica pelo projeto aprovado ontem. Também é pela mesma razão que os vencimentos de Ducci não serão reajustados junto com os do resto do funcionalismo caso o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que define o teto do poder público, não seja reajustado nos próximos anos.

A proposta que fixou o subsídio do primeiro escalão do Executivo de Curitiba teve tramitação recorde na Câmara de Curitiba. Protocolado no dia 11 de maio, o projeto da Mesa Executiva levou menos de 15 dias para entrar na pauta de votação do plenário e ser aprovado.