O primeiro vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), deu início pouco depois das 16h desta quarta-feira à sessão do plenário da Câmara para votar o parecer do Conselho de Ética recomendando a cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O relator, Jairo Carneiro (PFL-BA), foi o primeiro a falar. O trabalho foi aberto com a presença de 453 deputados.
- Este é um momento que tem alta significação, uma ocasião em que fazemos um mea-culpa, uma auto-imolação, um juízo sobre a conduta dos nossos pares, em particular do deputado Roberto Jeferson - disse Carneiro, no começo de seu discurso.
O relator citou Jefferson como um parlamentar 'que sabe exercer com habilidade, bravura e inteligência a tribuna', mas destacou que a decisão a ser tomada pelo plenário nesta quarta não deve ter como base a emoção ou a paixão.
- Aqui não será a paixão, nem a emoção, que vai superar as razões que devem ditar a conduta de cada um e o voto e a decisão de cada qual - alertou.
Jefferson mantém a serenidade durante o discurso de Carneiro. Ele se mostra sorridente e simpático aos parlamentares que o cumprimentam e tenta demonstrar tranqüilidade. Na véspera, o deputado prometera fazer um discurso em que falaria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A oposição e o governo apostam que Jefferson será cassado por mais de 300 votos. São necessários 257 para a aprovação da perda do mandato.
- É claro que Roberto Jefferson vai ser cassado - afirma Professor Luizinho (PT-SP).
- Vai ser de goleada - prevê Eduardo Paes (PSDB-RJ).
- Creio que deve ficar próximo de 327, 328 votos - calcula Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), outro parlamentar da oposição.
A bancada do PTB, que reuniu-se com Jefferson na tarde desta terça, ainda crê numa surpresa, considerando o fato de a votação ser secreta. Nesta quarta, o próprio Jefferson disse a deputados do partido que será absolvido. Ele confia no voto secreto e no seu desempenho na tribuna, mas não acha que o agravamento da crise envolvendo o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), terá influência no voto dos parlamentares.
- Ele (Jefferson) acha que o jogo está bem equilibrado e que pode ser absolvido - disse o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP).
O líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE), informou que Jefferson tem recebido manifestações de apoio de parlamentares de vários partidos.
- Estou muito confiante, porque as pessoas entenderam que ele prestou um grande serviço à Nacão - disse Múcio.
Nonô vai presidir a sessão por decisão de Severino Cavalcanti. Coube ao secretário geral da Mesa, Mozart Viana, levar a Nonô o recado do presidente para que dirigisse o trabalho.
Depois do relator Jairo Carneiro, tem direito à palavra, por 25 minutos, o advogado de Jefferson, Francisco Barbosa. E, em seguida, o próprio Jefferson falará pelo mesmo período. Ainda deverão falar em defesa de Jefferson três deputados do PTB: Luiz Antonio Fleury Filho (SP), Nelson Marquezelli (SP) e o líder da bancada petebista. Todos com cinco minutos cada um.
Três deputados que apóiam a cassação também falarão por cinco minutos cada um. Depois, a votação será encaminhada e os líderes dos partidos orientam as bancadas. Secretos, os votos são apurados em seguida. A votação não deve acabar antes das 21h.
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