Brasília - Para tentar evitar a intervenção federal no governo de Brasília, a Câmara Legislativa do DF está decidida a cassar o mandato de pelo menos três dos oito deputados distritais envolvidos no escândalo do mensalão do DEM. A tendência é que o corregedor da Câmara, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), recomende a abertura de processo por falta de decoro parlamentar contra os três deputados - Leonardo Prudente (ex-DEM, sem partido), Eurídes Brito (PMDB) e Júnior Brunelli (PSC) - que foram filmados recebendo maços de dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa.
Ao mesmo tempo, os deputados distritais decidiram aprovar a abertura de processo de impeachment contra o governador licenciado José Roberto Arruda (sem partido). Preso desde quinta-feira passada na Polícia Federal (PF), Arruda perdeu a base de apoio na Câmara, que deverá aprovar nesta quinta-feira (18), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o andamento de um dos três pedidos de cassação de seu mandato.
Fiel aliado de Arruda, o deputado Batista das Cooperativas (PRP), relator dos pedidos de impeachment na CCJ, já anunciou que seu parecer é pela admissibilidade da abertura do processo. A decisão de entregar a cabeça de Arruda foi tomada pelos distritais na última sexta-feira também como uma tentativa de evitar a intervenção federal.
O corregedor Raimundo Ribeiro pretende apresentar seu relatório com os pedidos de cassação do mandato dos envolvidos no escândalo da Caixa de Pandora no início da próxima semana. Na sexta-feira (19), ele vai discutir com os seus colegas de Câmara a situação de cada um dos envolvidos. "O que posso dizer é que são situações diferentes entre quem aparece nos vídeos e quem é citado. Mas não posso dizer se são situações mais graves porque aí estaria entrando no mérito", disse hoje Ribeiro.
OS TRÊS - Os deputados Leonardo Prudente, Eurídes Brito e Brunelli foram filmados por Durval Barbosa recebendo maços de dinheiro. Prudente aparece nos vídeos guardando as notas nos bolsos do paletó e até nas meias. Eurídes joga para dentro da bolsa vários pacotes de dinheiro, enquanto Brunelli ficou conhecido como o autor da "oração da propina", em que aparece abraçado com Prudente e Durval agradecendo e rezando pela vida do ex-secretário. Os outros cinco parlamentares são citados em conversas como beneficiários do esquema pagamento de propina pelo governo do Distrito Federal.
A decisão de cassar o mandato de alguns deputados distritais envolvidos no mensalão do DEM só entrou em pauta depois da prisão de Arruda, quinta-feira passada. Até então, havia um acordo tácito entre os deputados governistas de salvar Arruda, alvo de três pedidos de impeachment, o vice-governador Paulo Octávio, também citado na operação Caixa de Pandora, e os oito distritais que aparecem no escândalo.