A Camargo Corrêa foi a segunda empresa de construção que mais fez doações oficiais para campanhas eleitorais na disputa municipal de 2008. Ao todo, ela doou R$ 5,8 milhões, dos quais R$ 2 milhões diretamente para as candidaturas e outros R$ 3,8 milhões em repasses para os comitês financeiros municipais dos partidos. A Camargo Corrêa só foi superada nessas doações pela construtora OAS, que ajudou vários candidatos em todo o País distribuindo R$ 12,3 milhões.

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No caso da Camargo Corrêa, a maior doação feita em 2008 foi de R$ 3 milhões ao Comitê Financeiro Municipal Único do DEM, em São Paulo. Na capital paulista, o candidato do partido foi o prefeito Gilberto Kassab, que acabou sendo reeleito.

Entre as doações feitas diretamente para os candidatos, o foco da empresa foi em Curitiba. A candidata do PT, Gleisi Hoffman, recebeu R$ 500 mil para sua campanha. Ela é casada com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O principal adversário de Gleisi na disputa, o prefeito Beto Richa (PSDB), ganhou uma doação de R$ 300 mil da Camargo Corrêa. Richa foi reeleito. O interesse pela política de Curitiba não é gratuito. Ela é uma cidade estratégica para a empresa. A Cavo Gestão Ambiental, responsável pela coleta de lixo em Curitiba, pertence ao grupo Camargo Corrêa. A empreiteira também é responsável pela construção da Linha Verde, principal obra viária em andamento.

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Tradicionalmente, os representantes do setor de construção sempre contribuem fortemente com doações de campanhas. As empreiteiras têm enorme interesse em manter um bom relacionamento com os políticos, responsáveis pela realização de obras e apresentação de emendas orçamentárias que garantem recursos para esses projetos. Isso explica, por exemplo, o interesse da empresa ao fazer doações para tantos candidatos em Nortelândia, em Mato Grosso, uma cidade que tinha pouco mais de 5 mil habitantes, em 2004, segundo dados do IBGE. Em 2008, a Camargo Corrêa fez doações que totalizaram R$ 75 mil para sete candidatos a vereador e um a prefeito na cidade. O grupo tem negócios importantes no município por meio da Arrossensal Agropecuária e Industrial S.A., que explora um espaço de 68 mil hectares, onde funciona a Fazenda Camargo. A empresa é acusada de supostos crimes ambientais.