A empreiteira Camargo Corrêa fechou acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato e vai devolver R$ 700 milhões para três empresas públicas – Petrobras, Eletronuclear e Eletrobras. É o maior acordo do gênero já assinado na história do país, informa a edição desta sexta-feira (21) da Folha de S. Paulo.
Três executivos da empresa admitiram no acordo de delação premiada que houve pagamento de suborno e formação de cartel em obras como usina nuclear Angra 3 (Rio de Janeiro), a refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) e a hidrelétrica de Belo Monte (Pará).
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Ex-presidente da empreiteira, Dalton Avancini confessou que só no caso da Petrobras a Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propinas. Avancini foi preso em novembro do ano passado e, após fechar acordo de delação premiada, cumpre pena em prisão domiciliar em São Paulo, monitorado por tornozeleira eletrônica.
Em Belo Monte o suborno pago foi de R$ 20 milhões. Já nas obras de Angra 3 o pagamento de propina até foi negociado mas não chegou a ser pago – neste caso houve formação de cartel.
Eduardo Leite, outro executivo da empresa, também cumpre prisão domiciliar após fechar acordo de delação com a força-tarefa da operação. Já João Auler, ex-presidente do conselho administrativo da empresa, optou por não fazer acordo e foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão.
O pagamento da multa de R$ 700 milhões garantirá imunidade a outros executivos da empreiteira que possam ser denunciados no futuro pelos mesmos crimes.
Acordo
A Camargo Corrêa assinou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no qual assume participação em cartel de empresas em licitações da Petrobras, parte do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, e se dispõe a passar informações sobre o funcionamento do grupo.
No fim de julho, a empreiteira já havia assinado acordo de leniência com o Conselho, para delatar o cartel de licitações no setor elétrico, em obras da usina nuclear de Angra 3. O novo acordo é chamado de “leniência plus”, por se tratar de uma nova colaboração em investigação distinta e foi aprovado por unanimidade pelo Cade na quarta-feira (19).
A investigação sobre formação de cartel em licitações da Petrobras já conta com outro acordo, assinado em março com a Setal Engenharia e Construções. De acordo com o superintendente-geral do Cade, Eduardo Frade, o novo acordo é importante, porque, diferentemente da Setal, a Camargo Corrêa faz parte do chamado Clube VIP, com empresas que compõem o núcleo do esquema.
O grupo é composto por seis companhias: UTC, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS, além da Camargo Corrêa.
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