O carnaval paulistano já produziu suas favoritas. Vai-Vai, Império da Casa Verde, Mancha Verde e Águia de Ouro levantaram a platéia e fizeram o público delirar no sambódromo do Anhembi. Porém, difícil acertar com quem fica o título. Nem sempre a escola que coloca a arquibancada para sambar é a mesma que vai ostentar a faixa de campeã. Desta vez, está ainda mais complicado. Das 16 escolas que desfilaram no grupo especial, quatro serão rebaixadas e duas vão subir do grupo de acesso, o que significa que serão 14 no time principal em 2007.
Nesta segunda-feira, a diretoria da Liga das Escolas de Samba se reúne para discutir as punições. A apuração dos votos deve ser feita na terça-feira. O alvo principal é a Gaviões da Fiel, que só desfilou no grupo especial porque tinha em mãos uma decisão judicial que a colocou de volta na disputa. A Mancha Verde, que arrepiou os foliões, fez bonito mas se conformou e fechou acordo prévio com a Liga para sambar e não levar o título. O motivo é que tanto a Mancha quanto a Gaviões foram consideradas pela Liga escolas de torcida, um grupo à parte onde só as duas estariam.
A idéia inicial do Ministério Público, que era impedir que Mancha e Gaviões desfilassem num mesmo dia e evitar confronto de torcidas, no fim das contas, por decisão da Liga, poderiam acabar numa rivalidade maior, já que só as duas disputariam esse título paralelo.
Mas não é este o problema principal da Gaviões da Fiel. A escola pode perder quatro pontos porque seu desfile atrasou um minuto e foi acusada de fazer merchandising no gerador de carro alegórico. A Liga prometeu tirar dois pontos pelas duas falhas e, antes, tinha ameaçado tirar mais dois por causa do emblema do Corinthians que a escola ostentou. A Gaviões, no entanto, diz que a Justiça não só lhe permitiu desfilar junto com a elite como levar o símbolo do timão junto.
No desfile da Mancha Verde, não foi só o ânimo do público que chamou a atenção. A agremiação foi saudada com sinalizadores e fogos de artifício, que, pelo menos em tese, não podem entrar no sambódromo por causa do risco de incêndio e acidentes. Nem mesmo o incidente do primeiro dia dos desfiles, quando a rainha de bateria da Mocidade Alegre, Nani Moreira, ficou com adereços em chama na cabeça, fez essa parcela de foliões 'cair na real' e se comportar.
Onze vezes campeã, a Vai-Vai conquistou o público com um enredo tradicional, "São Vicente, A Primeira Capital do Brasil". Embalada pelo título de campeã em 2005, a Império de Casa Verde Apostou no luxo e na inovação e colocou na passarela tigres articulados, que mexiam as patas, a boca e piscavam. O tigre, símbolo da escola, dividiu a atenção com famosos, como a dançarina Sheila Mello à frente da bateria e o apresentador Carlos Massa, o Ratinho.
Mas quem é que vai perder pontos por causa das falhas de som na avenida, que ocorreram durante a passagem de pelo menos três agremiações? Este é mais um problema. Outro nó que a Liga tem de desatar é em relação ao fogo na cabeça de Nani Moreira. Mesmo sem atrapalhar a evolução - a escola cumpriu o trajeto no prazo - a rainha da bateria teve de sair da avenida e isso poderia tirar pontos da Mocidade.
No geral, as escolas paulistas apresentaram um carnaval mais bonito e com alegorias atraentes. Maiores e vistosas, algumas alegorias acabaram enroscando e deram trabalho para seguir em linha dentro da passarela.
A Leandro de Itaquera não só levou para a avenida os bonecos de Geraldo Alckmin (governador) e José Serra (prefeito) como explorou pouco o tema principal de seu enredo, o Rio Tietê, preferindo mostrar festas do interior paulista. De resto, uma chuva de pétalas de rosas sobre o sambódromo, jogadas de um helicóptero, foi a principal inovação da escola. Na Camisa Verde e Branco, que desfilou no primeiro dia, saiu cheiro de uva do abre-alas, onde uma ninfa tomava um banho de vinho em meio a integrantes que simulavam embriaguez e orgia.
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