O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (6) que “não há qualquer desmonte” da Polícia Federal. Para ele, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal está fazendo uma política “epistolar”, por meio de cartas, tentando criar polêmica “onde não existe”.
“É a primeira vez na história que vejo uma política sindical epistolar”, ironizou o ministro. “Sem apresentar uma proposta e sabendo que a direção da Polícia Federal já tinha orientação para continuar gastando, como se não houvesse corte, a Associação preferiu as epístolas. Mas cada um cria os factoides que julga necessários para atender suas reivindicações salariais”, disse o ministro.
Cardozo afirmou que, muito antes de ter sido aprovado o Orçamento de 2016 pelo Congresso, em 17 de dezembro, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, se reuniu com o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. “A orientação do ministério foi: ‘Gastem normalmente, como se não houvesse corte, porque isso será recomposto’“, contou.
O ministro disse que o aviso foi dado assim que saiu o relatório do Orçamento com a previsão de corte na Polícia Federal. “O Ministério da Justiça tem R$ 2,8 bilhões de possibilidade de remanejamento interno. Seguramente, nós não vamos deixar que a Polícia Federal pare por conta de R$ 100 milhões ou um pouco mais”, argumentou Cardozo. “É por isso que não posso admitir que houve pressão da Associação dos Delegados para que mudássemos de posição. Isso já estava resolvido.”
Há dez dias, a entidade que representa a categoria enviou uma carta a Cardozo, escancarando a contrariedade com o corte de R$ 133 milhões que o Congresso promoveu no orçamento da PF para 2016. Os delegados exigiram “menos discursos” do ministro e cobraram dele uma reação.
“Se a Associação dos Delegados tivesse se dignado a comparecer a uma audiência comigo, como de praxe se faz logo após eleições sindicais, e apresentado uma pauta de reivindicação, teria sido esclarecida que o problema do corte não era real”, insistiu Cardozo.
A discussão para recompor os valores do Orçamento por meio de créditos suplementares deverá ocorrer após a sanção da presidente Dilma Rousseff, até o próximo dia 14, ao texto aprovado no Congresso.
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