O Paraná está no centro da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira (17). Dos 21 frigoríficos investigados, 19 estão localizados no estado, incluindo algumas unidades sobre as quais recaem as acusações mais graves. É o caso da Peccin Agro Industrial, de Curitiba, que é investigada pela Polícia Federal por suspeita de usar carne estragada na produção de salsichas e linguiças, além de utilizar aditivos acima do limite permitido ou mesmo alguns que são proibidos.
Os detalhes sobre as irregularidades encontradas durante a operação foram apresentados pelo próprio Ministério de Agricultura na noite desta terça-feira (21). Dentro da lista revelada pela pasta, outros casos chamam a atenção, como a comercialização de produtos vencidos e troca de etiquetas por parte do Frigorífico Larissa, localizado na cidade de Iporã, no Noroeste do Paraná. A empresa também fazia o transporte de seus alimentos sem a temperatura adequada, o que poderia afetar sua conservação.
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Além da utilização de alimentos estragados ou vencidos, a Carne Fraca encontrou também casos de fraude em frigoríficos paranaenses. O Frigorífico Souza Ramos, de Colombo, por exemplo, utilizava carne de aves em produtos etiquetados como peru. Embora isso não represente nenhum problema sanitário, trata-se de uma alteração que afeta diretamente o bolso do consumidor, que paga mais caro por um produto que deveria ser mais barato.
Em termos sanitários, a Seara Alimentos teve problemas com a certificação. A unidade localizada na Lapa apresentou irregularidades, assim como a Balsa Comércio de Alimentos (Balsa Nova) e a Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos (Campo Magro). O Madero Indústria e Comércio (Ponta Grossa) está nas investigações por ter sofrido extorsão de fiscais que faziam parte do esquema fraudulento. Já a Indústria de Laticínios S. S. P. M. A., de Sapopemba, e o Frigorífico Oregon (Apucarana) foram citados por dificultarem as ações de fiscalização.
No entanto, a maioria das acusações sobre as paranaenses é de casos de corrupção. Empresas como Frango D. M. Indústria e Comércio de Alimentos (Arapongas), Frigomax Frigorífico e Comércio de Carne (Arapongas), Frigorífico Rainha da Paz (Ibiporã), Breyer & Cia (União da Vitória), Central de Carnes Paranaense (Colombo), E. H. Constantino & Constantino (Londrina) e Transmeat Logística, Transporte e Serviços (Balsa Nova) são citadas por cometer algum tipo de corrupção no processo de fiscalização. O Ministério da Agricultura e a Polícia Federal não comentam, porém, quais ilicitudes são essas.
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Aparecem também na lista o Frigorífico Argus (São José dos Pinhais), no qual um funcionário usou a senha de um servidor do Ministério da Agricultura.
Outro lado
Em resposta ao Jornal Nacional, que primeiro divulgou a lista de irregularidades, a Peccin não quis se manifestar sobre as acusações, assim como o Frigorífico Souza Ramos. Já o Frigorífico Larissa disse estar à disposição das autoridades e que jamais praticou qualquer alteração que colocasse em risco ao consumidor.
O grupo JBS, detentor da marca Seara, voltou a comentar sobre o respeito e a transparência com governo, colaboradores e consumidores. Segundo ela, a empresa não concorda com ações indevidas cometidas por seus funcionários e que vai tomar as medidas cabíveis relacionadas a isso.
A Breyer diz que os investigadores da Polícia Federal deduziram algo equivocado e que o mel que estava sendo exportado não estava sem a devida verificação. De acordo com a companhia, a fiscalização é feita no embarque e não na unidade da empresa. A Central de Carnes Paranaense também aponta equívocos ao dizer que não pode ser acusada de injeção de produtos por trabalhar apenas com carne suína e bovina.
Acusada de corrupção, a E. H. Constantino & Constantino se defende dizendo que sempre seguiu os padrões exigidos pelo governo e que jamais pagou ou recebeu vantagens de fiscais do ministério. Já a Madero Indústria e Comércio disse que colaborou com a Polícia Federal e que vai fazer o mesmo com o Ministério da Agricultura, além de destacar que os seus controles são irretocáveis.
Por meio de nota enviada à Gazeta do Povo, a Frango DM Indústria e Comércio disse que o proprietário da empresa prestou esclarecimentos à PF e foi liberado posteriormente. Informou ainda que foi mencionada na operação pela doação de caixas de frango que, na verdade, foram uma doação para um evento sem fins lucrativos em Londrina. O texto afirma ainda que uma vistoria da PF na indústria não constatou irregularidades.
O telejornal não conseguiu contato com os frigoríficos Argus, Oregon, Frigomax, Rainha da Paz, Balsa Comércio de Alimentos, Indústria de Laticínios SSPMA, Fábrica de Farinha de Carnes Castro e a Transmeat.
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