Brasília (Folhapress) O chefe de gabinete do ministro Antônio Palocci (Fazenda), Juscelino Antônio Dourado, 39 anos, preservou o advogado Rogério Tadeu Buratti ontem em depoimento à CPI dos Bingos no Senado. Dourado evitou dizer que Buratti mentiu ao afirmar que Palocci recebia propina mensal de R$ 50 mil, quando o ministro era prefeito de Ribeirão Preto (SP) em 2001 e 2002.
Dourado disse ainda que colocou o cargo à disposição de Palocci, após surgir a suspeita da CPI de que Buratti, seu amigo há 15 anos, fazia tráfico de influência no Ministério da Fazenda. O ministro não aceitou.
"Eu compreendo a situação de uma pessoa (Buratti) que foi colocada em uniforme de presidiário e estava algemado (quando depôs na Polícia Civil de Ribeirão Preto em 19 de agosto e fez a acusação contra o ministro), mas conheço Palocci há 13 anos e não acredito que isso tenha acontecido (pagamento de propina)", afirmou Dourado.
"Buratti mentiu, então?", perguntou o senador José Jorge (PFL-PE). "Eu não gostaria de fazer um juízo", respondeu Dourado. "Tanto vossa senhoria como Palocci têm preservado o Buratti. Dá a impressão que alguém está com o rabo preso", protestou o senador.
Jorge referia-se a uma entrevista à imprensa no dia 21, quando Palocci afirmou que era mentira a versão de pagamento de propina, mas não atacou Buratti, que foi seu secretário de Governo em 1993 e 1994 no primeiro mandato de prefeito em Ribeirão Preto e com quem trocava telefonemas em 2003 e 2004.
Os senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), Leonel Pavan (PSDB-SC) e Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI, também perguntaram se são mentiras as acusações contra o ministro, mas Dourado preservou Buratti todas as vezes e confirmou sua amizade com ele.
"Sim, sou amigo dele, continuo amigo do Rogério que conheço há 15 anos e foi meu padrinho de casamento", disse Dourado. Em 1997, os dois eram sócios da empresa W Way, que tinha uma franquia de internet. O chefe-de-gabinete de Palocci também abriu uma empresa (desativada em 2001) com o irmão de Buratti, Renato Neto.
Em 2001 e 2002, época do suposto pagamento de propina pela empresa Leão Leão, Dourado era secretário da Casa Civil de Palocci em Ribeirão, mas disse não saber nada sobre o assunto.