O procurador da República, Rodrigo de Grandis, afirmou nesta quinta-feira (7) que Hugo Chicaroni, suposto emissário do banqueiro Daniel Dantas em tentativa de suborno de um delegado da Polícia Federal, confirmou à Justiça que dispunha de R$ 865 mil do Banco Opportunity em troca do engavetamento do inquérito que deu origem à Operação Satiagraha. De acordo com o procurador, Dantas, que também compareceu à 6ª Vara Criminal Federal, limitou-se a permanecer calado diante do juiz Fausto Martin De Sanctis, seguindo orientação de seus advogados. "Ele perdeu uma grande chance de dar sua versão dos fatos."

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Os advogados de Chicaroni, Alberto Carlos Dias e Maria Fernanda Muniz, afirmaram que o delegado Protógenes Queiroz, chefe da Satiagraha, teria relações de amizade com Chicaroni. Segundo a defesa, o próprio Protógenes e o delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves pediram o dinheiro a Chicaroni. Para Maria Fernanda, Chicaroni teria sido vítima de uma "cilada" da PF. "Ele (Protógenes) se aproveitou de uma relação de amizade para preparar uma cilada para os três", disse, referindo-se a Dantas, Chicaroni e Humberto Braz, outro aliado do banqueiro.

O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, não comentou o depoimento de Chicaroni. Disse, no entanto, que orientou o banqueiro a permanecer em silêncio porque, de acordo com ele, há muitas imperfeições no processo. "A verdade está aparecendo e ela é muito diferente do que foi contado pela autoridade policial", comentou, referindo-se a Protógenes.

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Em Brasília, o presidente da CPI dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), reagiu irritado à informação de que recebeu doação de R$ 10 mil durante campanha eleitoral de 2006 do executivo Dório Ferman, que aparece nos registros oficiais como dono do banco Opportunity. "Se eu recebi doação e estou investigando (Dantas), está demonstrada a minha isenção. O dinheiro para campanha não estabelece relação de amizade com quem fez a doação."

Ferman foi indiciado por Protógenes sob acusação de gestão fraudulenta. Itagiba disse que a doação ocorreu há dois anos, quando o executivo não era investigado pela PF. "Até então, não havia qualquer procedimento sobre essa pessoa."

O deputado afirmou que Ferman faz parte da comunidade judaica do Rio, que o apoiou durante sua campanha. Daí, segundo Itagiba, a razão de o executivo do Opportunity ter doado recursos. "Não recebi doação de aliados do senhor Dantas, mas uma colaboração de R$ 10 mil do senhor Dório."