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Em depoimento na CPI dos Bingos, a deputada estadual do Rio de Janeiro Cidinha Campos (PDT) fez acusações graves ao ex-deputado federal Carlos Rodrigues (PL-RJ), conhecido como Bispo Rodrigues. Segundo ela, o mensalão nasceu por iniciativa dele na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), conforme denunciara Roberto Jefferson (PTB-RJ). A deputada contou que parlamentares pagavam a Rodrigues e que quem interrompeu o pagamento perdeu o mandato ou morreu.

- Era um mensalão (o da Alerj) esquisito. Porque os deputados (do PL e alguns outros partidos) não recebiam dinheiro de fora, mas tinham que dar dinheiro para o Bispo Rodrigues. Todos tinham que dar e aqueles que não deram e se rebelaram perderam seus mandatos. Todos, inclusive o deputado Valdeci (Paiva, do PSL), que foi morto (em 2003, numa emboscada). Ele não queria mais dar dinheiro para o Bispo Rodrigues. Foi morto.

Cidinha apresentou uma lista com nomes dos deputados a que se referiu. Todos pertenceriam à bancada evangélica da Alerj: Jorge Nascimento, Mauro Luís, Magali Machado, Haroldo Macedo, Pastor Divino, Armando José e Valdeci de Paiva.

Cidinha disse que os deputados vão negar a história, que, segundo ela, porém, é verdadeira:

- Eles podem até negar, porque isso vai mostrar uma fragilidade pessoal. Fortalece entre aspas a igreja (Universal), mas enfraquece o deputado como dono do seu mandato - afirmou.

Carlos Rodrigues renunciou ao mandato de deputado federal nesta semana, no dia 12. Ele é um dos 18 parlamentares cujos nomes foram enviados ao Conselho de Ética para abertura de processo por quebra de decoro por envolvimento no mensalão. Com a renúncia, Rodrigues fica livre do processo e mantém os direitos políticos, podendo se candidatar no ano que vem.

Também no depoimento, Cidinha falou sobre outro caso rumoroso: o do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, do PT, no início de 2002. Ela disse que falta investigar um nome: o do empresário Baltazar José de Souza, dono de frota de ônibus em São Paulo.

- Falta uma pessoa a ser investigada nessa morte. Falam do Sombra, falam do empresário Ronan Pinto, que é empresário de ônibus, mas não falam do maior empresário de ônibus de São Paulo, que é sócio do Ronan e tem um apetite criminoso, na minha opinião, muito mais acentuado do que o próprio Ronan: é o senhor Baltazar José de Souza.

Cidinha continuou:

- Esse senhor é dono da maior frota de ônibus, não é do Brasil, não, é do mundo. Ele era sócio do maior fraudador da Previdência, senhor Cesar Arrieta, que nós descobrimos na nossa CPI (da Previdência, da qual Cidinha foi relatora, quando deputada federal) na Câmara Federal. Existem relatos nessa CPI de que ele mandava dinheiro para o exterior, do argentino Cesar Arrieta, e que não eram só dolares. Eles compravam e articulavam também dinares (dinheiro do Iraque) para compra de armas, entrada de armas no país. Era preciso que esse homem também fosse investigado. Procurem Baltazar José de Souza.

Cidinha Campos foi convocada a depor na CPI dos Bingos a pedido do senador Leonel Pavan (PSDB-SC). Na justificação de seu requerimento, Pavan argumentou que Cidinha teria informações importantes sobre o caso, reunidas em função de seu exercício profissional como radialista e de sua atuação na política.

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