Passado o impacto de algumas das delações vazadas da Odebrecht, que vieram a público a partir de 9 de dezembro, o governo de Michel Temer parece ter conseguido se equilibrar em meio a tanta instabilidade. Os relatos sobre pagamento de propina citaram o PMDB; o próprio presidente; Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil; e Moreira Franco, secretário de Parcerias e Investimentos. Mas ainda não causaram estragos no primeiro escalão.
Houve, porém, uma baixa no mês de dezembro, de um homem de confiança de Michel Temer: o advogado José Yunes, que tinha um cargo de assessor especial, pediu demissão após ser citado nas delações.
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Leia a matéria completaSete baixas em sete meses
Com a saída de Yunes, foram sete baixas em sete meses de governo, dos quais seis ministros. Romero Jucá (Planejamento), e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) foram as principais perdas. Do núcleo duro do governo, restam ainda Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Parcerias e Investimentos).
As últimas movimentações de Brasília, com anúncio de medidas econômicas para ajudar o bolso do trabalhador, mostram que o Planalto resolveu tomar ações propositivas, em vez de ficar só na defensiva. Na quinta-feira da semana passada (22), em meio à divulgação dos pacotes, Temer reafirmou que não tirará o chefe da Casa Civil. “Ele continua firme e forte”, afirmou.
Temer, porém, tinha também manifestado apoio à permanência de Jucá e Geddel. A repercussão negativa nos dois casos acabou culminando com pedidos de demissão. Jucá caiu após divulgação de áudio em que insinua que é preciso parar com a “sangria” da Lava Jato. Jucá é o personagem principal nas delações de Cláudio Melo Filho. Segundo o ex-diretor da Odebrecht, o senador de Roraima era peça central para aprovação de medidas no Senado.
Geddel caiu pela repercussão do caso do prédio de luxo em Salvador. Ele teria pressionado o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a interceder em favor da liberação da obra, embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Jucá, quando deixou o ministério, continuou atuando em nome de Temer no Senado. A partir de novembro, tornou-se líder do governo no Congresso. A saída de Geddel, aliado de Temer há tempos, foi mais traumática. Ele não tem mandato eletivo e ainda não assumiu nenhum outro cargo.
Travessia
Em entrevista, Eliseu Padilha diz que continua com todo o apoio de Temer e não pensa em se demitir. “O ministro é forte ou frágil na medida em que tem ou não o apoio do presidente. E eu tenho tido do presidente Michel Temer mais do que apoio, eu tenho tido estímulo, eu tenho tido de parte dele as melhores manifestações de aposta na eficácia do trabalho da Casa Civil”, afirmou.
Padilha nega qualquer irregularidade. Cláudio Melo Filho disse que o ministro participou de um jantar em que foi acertado o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB, dos quais ele teria ficado responsável pela distribuição de R$ 4 milhões, do qual R$ 1 milhão teria ido para Eduardo Cunha. “Não pedi e não recebi dinheiro de ninguém. Desconheço”, afirmou.
Padilha ressaltou que o governo precisa governar, e não pode parar para analisar os desdobramentos da Operação Lava Jato. “Temos que fazer com que estas medidas que estamos anunciando se tornem efetivas. Temos que concluir a travessia”, disse.
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