Em áudio gravado pelo filho de Cerveró e entregue à Procuradoria-Geral da República, Delcídio diz que “conversou com Zé Eduardo” e “muito possivelmente o Marcelo da Turma vai sair”.| Foto: Antonio Lacerda/EFE

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse nesta quarta-feira (25) à reportagem que não se lembra de ter conversado com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) sobre o pedido de liberdade de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, preso na Operação Lava Jato. “Eu converso diariamente sobre questões jurídicas que me são perguntadas por parlamentares. É comum que me perguntem. Mas não me lembro de nenhuma conversa específica sobre esse assunto com Delcídio”, afirma Cardozo.

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Em áudio gravado pelo filho de Cerveró e entregue à Procuradoria-Geral da República, Delcídio diz que “conversou com Zé Eduardo” e “muito possivelmente o Marcelo da Turma vai sair”.

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Segundo os áudios, Delcídio estava discutindo um possível habeas corpus para Cerveró que deveria ser julgado no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O “Marcelo”, a quem Delcídio se refere, seria o ministro Ribeiro Dantas, que era o relator da Lava Jato no STJ e julgaria o pedido.

O líder do governo no Senado foi preso nesta quarta em Brasília. A operação foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que o senador tentava conturbar as investigações da Lava Jato.

De acordo com Cardozo, o governo “foi surpreendido pelos fatos” e espera que a Justiça “siga seu curso normal”.

“As investigações devem seguir com autonomia”, disse o ministro. “Entendemos que os fatos não atingem a trajetória do governo”, completou.

CITAÇÃO A DILMA

Nos áudios entregues à PRG, Delcídio cita também a presidente Dilma Rousseff, em um contexto sobre a compra da refinaria de Passadena, nos Estados Unidos. “Então ele bota assim, a Dilma sabia de todos os movimentos de Passadena”, diz Delcídio em referência a uma suposta fala de Cerveró em sua delação.

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Questionado sobre a citação à presidente, Cardozo afirma que Dilma “não tinha as informações do que efetivamente acontecia em Passadena”. “Outros depoimentos dizem isso [que a presidente não tinha conhecimento de todos os dados da compra da refinaria]. Quem diz o contrário, mente deslavadamente”, completou o ministro.