O desembargador Clayton Camargo não é mais o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Ele formalizou o pedido de renúncia na tarde desta terça-feira (24), conforme uma nota oficial divulgada no site do tribunal. O cargo dele será ocupado interinamente pelo primeiro vice-presidente Paulo Vasconcellos até a quinta-feira da semana que vem (3), quando acontece a eleição de um novo presidente. O vencedor irá ocupar um "mandato tampão" até o final do mandato de Camargo, que iria até fevereiro de 2015.
Camargo já havia pedido sua aposentadoria na segunda-feira (23), mas ela foi suspensa pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que o fez retornar ao cargo nesta terça-feira.
Ainda na manhã desta terça, ele disse que nada o impedia de se aposentar e que, para conseguir que isso aconteça, iria possivelmente recorrer ao Superior Tribunal Federal (STF). A afirmação foi dada em entrevista divulgada pela Folha de S. Paulo. Um jornalista da Gazeta do Povo foi até o TJ-PR para conversar com Camargo, mas o pedido de entrevista foi negado.
À Folha, o desembargador garantiu que não estava tentando fugir de punições administrativas ao pedir a aposentadoria, como alega o CNJ, que o investiga por suposto tráfico de influência e venda de sentenças. Conforme informou Camargo, ele teve uma angina instável recentemente e acredita que não está mais em condições físicas de permanecer no cargo.
"Formulei o pedido de aposentadoria voluntária por contar com mais de 50 anos de serviço público prestados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário do Estado do Paraná (...) É um direito que tenho", disse.
Para conseguir se aposentar, o desembargador descartou a possibilidade de recorrer dentro do próprio CNJ, porque "eles não examinam, eles prejulgam" e que, por isso, recorreria ao STF. Ele também criticou a atuação da corregedoria que, segundo ele, está reportando apenas inquéritos. "[Os inquéritos] foram instaurados em decorrência de, não vou nem dizer denúncias, mas acusações feitas por particulares que têm que ser apuradas. Eu disse e reafirmo: eu vou ser absolvido", garantiu.