O Tribunal de Justiça seleciona hoje a empresa que irá fornecer 74 motoristas para os desembargadores. O preço máximo da licitação é de R$ 2,7 milhões ao ano. São esses terceirizados que dirigirão os 90 Renault Fluence que o Judiciário comprou para transportar os desembargadores ao trabalho diariamente. Os carros por sua vez, custaram R$ 50 mil cada, num total de R$ 4,5 milhões.
Os gastos causaram espanto em boa parte da população e levaram a críticas até mesmo de desembargadores que se recusaram a aceitar o novo transporte gratuito. No entanto, o presidente do tribunal, desembargador Miguel Kfouri, não só decidiu que irá em frente com o processo como garante que as despesas fazem sentido.
Um primeiro argumento de Kfouri diz respeito ao tamanho dos gastos na comparação com o orçamento total do Judiciário no estado. "Tem que ver o montante do orçamento do tribunal, que é de R$ 1,2 bilhão. Além disso, temos mais R$ 360 milhões do Funrejus [Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário]. Ponha R$ 2,6 milhões nesse contexto. É uma gota d´água", diz.
Outro argumento é de que as críticas partem de pessoas que não têm a real noção do orçamento do Judiciário. "Quem administra é a cúpula do tribunal, não é o povo, que não tem informação nenhuma sobre a administração e que não pode dizer se é caro ou se é barato", diz. Ou, como afirma o desembargador: "Se for atentar para o que o povo acha, não administra".
Mas Kfouri ainda tem outros motivos para acreditar que a contratação dos motoristas não será um desperdício de dinheiro. Um deles é de que, enquanto não estão levando os desembargadores de casa para o trabalho ou de volta para casa, eles executarão outros serviços. Podem ajudar num mutirão de distribuição ou dar entrada em processos, exemplifica. Ou ir entregar documentos em outras sedes do tribunal.
Por último, o presidente do TJ diz que os membros do Judiciário têm que ter mesmo certo conforto. "A sociedade tem que cuidar bem do seu juiz. Tem que dar segurança, um certo conforto. Essa atividade de julgar é uma atividade diferenciada", diz. Segundo o desembargador, o problema não está nas despesas, mas nos olhos de quem as julga. Ou, em suas palavras. "É tempo de começar a ver aquele que é o garantidor do direito de modo diferente. Não existe nada como julgar. Nenhuma profissão se compara a isso".
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