O resultado da primeira pesquisa no Paraná depois do início oficial da campanha tem valor maior do que se poderia imaginar. Por vários motivos. O primeiro deles é que o quadro eleitoral no estado, devido à indecisão do senador Osmar Dias em sair candidato, demorou a se consolidar. Só agora é possível ver o peso que sua candidatura realmente terá.

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Mas não é só isso: os números do Datafolha são fundamentais para que os candidatos mostrem a seus aliados que têm chances reais de chegar ao governo. E isso é fundamental em uma campanha de tiro curto como estado: mal o quadro se definiu e já faltam apenas dez semanas para a eleição.

É preciso lembrar que a campanha no Paraná não terá segundo turno. Por definição, o segundo turno só existe para que algum dos candidatos chegue a mais de 50% dos votos, tendo apoio da maioria da população. Portanto, só acontece quando há mais de dois candidatos com votação expressiva.

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No quadro atual da disputa pelo governo do Paraná, só há dois nomes fortes. Paulo Salamuni, do PV, está muito atrás, com apenas 1%, e não deve ter votação suficiente para impedir a vitória já no primeiro turno de um dos dois candidatos principais.

Sendo assim, Osmar e Richa têm apenas algumas semanas para fazer suas campanhas decolarem. E menos tempo ainda para mostrar aos empresários, potenciais financiadores de seus gastos, que são nomes viáveis.

Se um dos dois tivesse ficado muito para trás já no início da campanha, o natural seria que o líder tivesse imensa facilidade para acumular doações, enquanto o outro não teria argumentos para convencer os empresários de que sua candidatura tem chance de prosperar. E, não se engane: empresários só costumam apostar a sério (em quantidade necessária para ganhar uma eleição) quando veem chances concretas de seu candidato chegar ao poder.

Os números do Datafolha, portanto, ao colocar os dois candidatos mais ou menos no mesmo patamar de intenções de votos, faz prever uma campanha tensa: eleição em turno único com dois candidatos fortes disputando terreno em curto prazo.

Mas não são só os financiadores que poderiam desertar: os dois candidatos já enfrentaram casos de prefeitos se bandeando de seu lado para o lado do opositor. Ficando muito atrás nas pesquisas, o problema poderia se agravar ainda mais. Até mais do que no caso dos empresários, políticos vivem de ter expectativa de poder: apoiar alguém que caminha para o abismo? Nem pensar.

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Mais estranho, as também verdade: até mesmo os eleitores tendem a abandonar um candidato que sai muito atrás: com empate técnico, como foi anunciado ontem, esse risco não existe.

Se por um lado, porém, os dois candidatos podem ficar felizes por não terem a eleição perdida logo de cara, os dois também têm motivos para considerar os números frustrantes.

Richa poderia imaginar que essa eleição seria ainda mais fácil do que a disputa pela prefeitura em 2008. Caso Osmar não tivesse sido candidato, tudo indicava que o ex-prefeito teria céu de brigadeiro pela frente. Poderia pensar em chegar de novo perto dos 80% do eleitorado. Com um segundo candidato sério, terá uma disputa bem mais acirrada pela frente.

Para Osmar, o gosto da frustração também deve ser grande. Se Beto tivesse cumprido a promessa de ficar os quatro anos na prefeitura de Curitiba, seria ele o vencedor por antecipação da eleição. Como não foi isso que aconteceu, Osmar enfrenta uma pedreira. Mais ou menos ao estilo da eleição de 2006, quando batalhou palmo a palmo contra o então governador Roberto Requião – e perdeu por 10 mil votos.

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