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Difícil achar neste fim de 2014 alguém que não esteja tremendamente decepcionado com a política brasileira. Os eleitores que não queriam ver o PT no poder obviamente se frustraram com a reeleição de Dilma. Os petistas não vão gostando da feição que o novo governo toma. E, independente de partido, quem quer que ainda não ache tudo nessa vida uma "coisa normal" tem o dever de ter se incomodado (espantado seria a palavra errada) com toda essa história da Petrobras.

Em 2015, parece haver pelo menos dois caminhos para você que "não concorda com tudo isso que está aí". Um é o mais simples, e mais comum. É a ira estéril de Facebook, é a reclamação cotidiana, são as frases que começam com "só no Brasil" – é o caminho de quem acha que nada pode mudar ou de quem acha que a coisa vai mudar na base da indignação pura e simples. Indignação pode ser um bom começo. Mas ela, em si só, serve de pouco.

Para mudar a política é preciso fazer algo. Mas parece tudo tão distante. As coisas acontecem em Brasília, em palácios, e quem manda no pedaço não somos você e eu, mas sim 513 deputados e 81 senadores que, na imensa maioria, acabaram de ser eleitos – e que portanto só vão precisar da gente de novo daqui a quatro anos. A presidente? Mais distante ainda. O que dá para fazer? Muito. Ou, no mínimo, algo.

Melhorar as coisas exige compreendê-las. Começando pelo mais importante. O que mais quer um político? O que mais quer um parlamentar, por exemplo? A resposta é: reeleger-se. Isso se não for possível passar para um cargo mais alto. Políticos querem poder, e para isso dependem dos eleitores – eis a principal força de cada um de nós. Mas entre um mandato e outro, quase não há participação popular na democracia brasileira (e quando se propõe aumentar o poder de conselhos ainda falam que estamos querendo baderna, e não democracia).

Se eles querem se reeleger e precisam de votos, o que podemos fazer quando eles não estão à caça de eleitores? Compreendendo o jogo, pode-se perceber que, além de eleitores, eles precisam de partidos políticos. No Brasil, só os partidos podem apresentar candidatos. Sem partido, o deputado não tem como garantir novo mandato. Hoje, eles ficam tranquilos porque as legendas nada mais são do que feudos na mão de seus pares – não há democracia interna, os diretórios são substituídos no canetaço e as chapas são definidas enquanto um grupinho fuma charutos no saguão de um hotel.

Filiar-se a um partido e exigir que ele tenha democracia interna, que ouça seus filiados, que faça prévias – isso é muito mais revolucionário do que ficar nas redes sociais reclamando das políticas de governo. Um sujeito que entendia de política já disse que uma simples ação vale mais do que dúzias de manifestos.

Mas esse é só um caminho. É possível fazer fiscalização de deputados, montar grupos de pressão em torno de causas (quanto mais amplas, melhor – ficar defendendo a ariranha azul da Patagônia tem lá sua importância, mas é um tanto míope quando se pensa numa causa mais ampla como a democracia ou a redução da desigualdade social). Em última instância, é possível candidatar-se. Ou fundar um partido. Por que pensar pequeno, afinal?

As coisas na política acontecem porque as pessoas fazem com que elas aconteçam. É possível e até confortável deixar que umas poucas centenas de manda-chuvas governe o país – e nos reservarmos o direito de ficarmos reclamando deles como se estivéssemos brincando de escalar nosso time do coração. Mas dá para fazer mais. Dá para desejar um bom ano novo. Sem problemas, é sempre bom. Mas fazer com que ele seja melhor – esse é o desafio.

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