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O governador Beto Richa está estudando como vai fazer para cumprir uma promessa de campanha. Na semana que vem, completará um ano que Richa foi à tevê, ainda como candidato, e disse que zeraria o ICMS do diesel para baratear a passagem do transporte coletivo das cidades do estado. A promessa foi feita no horário eleitoral gratuito do dia 28 de setembro do ano passado.

Segundo a assessoria do governador, ele pediu que os técnicos da Secretaria da Fazenda vejam como isso poderá ser feito. Não é uma coisa simples: o estado precisa abrir mão de receita; e é preciso obter aprovação do Confaz. Em todo caso, Richa pediu pressa para dar uma resposta o quanto antes. Até porque promessa, dizem, é dívida.

Beto teria alguns outros motivos para baixar o imposto do diesel. Um deles seria espezinhar o ex-governador e inimigo político Roberto Requião. Durante seu mandato, Requião chegou a falar em derrubar o imposto para baixar a tarifa. Isso enquanto ele e Richa estava de bem e o governador sonhava em ter o apoio do prefeito para sua reeleição. Veio 2006, Richa apoiou Osmar Dias no segundo turno e o ICMS ficou onde estava.

E esse pode ser outro objetivo para que Richa tente zerar o imposto. Ele pode fazer pelo amigo Luciano Ducci o que Requião não fez por ele. Sem o ICMS do diesel, a prefeitura tem um custo a menos para arcar. Pode não parecer muita coisa: seriam só R$ 0,04 por passagem. Mas numa conta apertada em que cada centavo conta, seria uma forma de evitar novos aumentos até a tentativa de reeleição, em 2012.

Atualmente, as empresas de ônibus dizem que o sistema de Curitiba está operando no vermelho. A tarifa técnica, que é calculada para saber quanto seria necessário cobrar de cada passageiro para não haver prejuízo, está em R$ 2,68. Ou seja: seria preciso baixar R$ 0,18 para não estar no vermelho e poder manter a tarifa em R$ 2,50 pelo menos até outubro, quando Ducci deverá enfrentar Gustavo Fruet.

Richa sabe como ninguém que a tarifa do ônibus pode ser fundamental para garantir a eleição de um prefeito. Em 2004, quando era ainda vice de Taniguchi (seu atual secretário de Planejamento), aproveitou uma viagem do titular para baixar a passagem. Se elegeu na esteira dessa pequena traição. Depois, já dono do mandato, se esforçou para não subir o preço e criou a passagem domingueira, de R$ 1. Claro que não foi só isso, mas o fato é que fez 77% dos votos. Se quiser a reeleição de Ducci, Richa sabe que ajudá-lo a manter a passagem no nível atual é importante.

Ducci também sabe. Por isso vai mexendo seus pauzinhos para instalar também um sistema de tevês dentro do busão. As empresas poderão anunciar para os passageiros durante o trajeto. E, com a receita da publicidade, o prefeito pode tentar abater parte dos custos e impedir que a tarifa dê um salto em fevereiro, quando está prevista a revisão do valor atual.

O ônibus, afinal de contas, é um dos serviços mais importantes da cidade. Carrega 2 milhões de passageiros por dia. É a vitrine de qualquer administração da cidade. Em seu breve mandato, Ducci já teve de aumentar o preço de R$ 2,20 deixado pelo antecessor. Se não conseguir segurar agora, poderá ter de se explicar na eleição. E isso custa caro...

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