Mais um ano inteirinho se passou e quase nada de novo ou de fundamental importância aconteceu em 2009. A espuma e o gasoso prevaleceram sobre o que deveria ser líquido e certo ou muito sólido. A sucessão estadual se encaixa plenamente nesta realidade.
As previsões para 2009 indicavam que o ano se moveria em torno de duas candidaturas certas e pelo menos mais uma indefinida. Era certo que Osmar Dias, do PDT, iniciava o ano como o candidato sólido, aclamado pelas oposições. A colocar em dúvida essa situação existia tão somente o desejo do irmão tucano Alvaro Dias de também lançar-se. Entre eles, havia um acordo: quem melhor viabilizasse a candidatura receberia o apoio do outro.
Do lado da situação, só se falava no vice-governador Orlando Pessuti, que nunca escondeu o projeto de suceder Roberto Requião. Apesar do pouco entusiasmo que despertou entre seus próprios correligionários, o PMDB acabou formalizando a sua candidatura.
O PT também fazia seus planos. Poderia manter a aliança com o PMDB, de cujo governo participa no Paraná, ou lançar candidato próprio. Gleisi Hoffmann era citada como possível titular da posição, assim como o marido, o ministro Paulo Bernardo, que aparecia entre os preferidos da base do seu partido.
Este, basicamente, era o cenário de um ano atrás. Entretanto, a história de 2009 deu sinais de que poderia mudar já em 4 de outubro do ano anterior dia em que 77% dos eleitores curitibanos reconduziram o prefeito Beto Richa ao cargo, animando-o a esquecer os compromissos de apoiar Osmar Dias e de cumprir o segundo mandato até o fim, em 2014, e a lançar-se ao governo do estado. Com isso, o slogan que marcou sua campanha de reeleição o "Fica Beto!" perdeu grande parte de sentido.
A partir dessa data, o que parecia sólido, gaseificou-se: o senador Osmar Dias perdeu a primazia. Uma estridente ala do PSDB, o principal partido da aliança que apoiava o senador, não só adotou a ideia de lançar Richa como também tratou de minar as chances do oponente interno, o senador Alvaro Dias. Por enquanto, está dando certo, mas o projeto pode se liquefazer no momento em que a direção nacional tucana avaliar se a candidatura de Beto mais ajuda ou mais atrapalha seu presidenciável, o governador paulista José Serra.
O PT logo percebeu o isolamento de Osmar Dias, ou, pior do que isso, a possibilidade de o senador voltar a ser o delfim dos tucanos. Reconhecendo sua força eleitoral (quase derrotou Requião em 2006) e que poderia dar suporte ao palanque da presidenciável Dilma Rousseff prioridade absoluta de Lula e todo o partido o PT acenou com a proposta de fazê-lo seu candidato no Paraná.
Embora no início tenha aparentado grande disposição para aceitar a proposta, ficou claro mais tarde que Osmar Dias preferiu a prudência: o que o PT pode dar-lhe pode também tirar-lhe. Ganha fôlego, recursos, estrutura de campanha e votos do segmento do eleitorado que gosta de Lula; em compensação, corre o risco de perder grande parte de seu reduto tradicional, os produtores rurais, que tem ojeriza ao MST.
Por tudo isso, 2009 terminou praticamente igual ao seu início: permanecem fincadas as mesmas candidaturas, umas mais sólidas, outras mais gasosas do ponto de vista da formação das alianças ou das conveniências nacionais dois dois partidos hegemônicos da política brasileira. Tal situação tende a perdurar pelo menos até o terceiro mês de 2010. Até lá, Beto Richa, por exemplo, terá de saber o que fazer do seu futuro se terá de ficar na prefeitura a mando do PSDB ou para não correr o risco de uma eleição difícil ou se a deixa.
Se acontecer a última hipótese, prevalecerá o quadro antevisto há um ano: o eleitorado paranaense vai decidir entre três candidatos principais: Richa, Osmar e Pessuti. Por enquanto, as pesquisas indicam empate entre os dois primeiros e ao terceiro se reserva o papel de fiel da balança.
Merecidas
Esta coluna concede merecidas férias a seus leitores a partir de hoje. Mas o que é bom dura pouco: estão todos convidados a voltar no dia 21 de janeiro.
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