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O que antes era apenas uma ideia, por muitos considerada inviável, acaba de tomar a forma de proposta concreta. A ideia partiu do PMDB e apresentada ao PSDB. Tem grandes chances de ser aceita e colocada em prática, segundo informações colhidas junto a fontes do Clube dos 500 – instituição informal e suprapartidária empenhada em buscar adesões e criar facilidades para a eleição do prefeito Beto Richa ao governo.

A proposta consistiria nos seguintes pontos:

• PSDB e PMDB fariam coligação para as eleições proporcionais – fórmula considerada ideal para garantir boa bancada de deputados peemedebistas, que hoje se acham ameaçados de não voltar à Assembleia porque não acreditam que Orlando Pessuti, candidato ao governo, seja capaz de "puxar" votos para a legenda. Preferem, por isso, pendurar suas candidaturas à campanha de Beto Richa.

• O PSDB abandona de vez a ideia de lançar candidato ao Senado. O nome até agora citado é o do deputado Gustavo Fruet, que seria forçado, a contragosto, a disputar apenas a reeleição para a Câmara. Com isso, o governador Roberto Requião terá um adversário a menos e, portanto, mais segurança para eleger-se senador com folga.

• O vice Orlando Pessuti será definitivamente "cristianizado". Participará da eleição para o governo apenas para cumprir tabela. Força a seu favor o PMDB só fará se, no final da campanha, parecer conveniente provocar um segundo turno que favoreça Richa no confronto com Osmar Dias.

• Requião, por outro lado, ficaria livre para apoiar Dilma Rousseff sem deixar de atacar Osmar Dias, mas sem nunca, porém, ferir Richa ou José Serra.

Com as bênçãos de Requião, os deputados Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi – dois dos peemedebistas que Pessuti já identificou como sabotadores de sua candidatura – seriam, segundo se informa, os articuladores desse projeto junto aos tucanos. A receptividade, asseguram as fontes, teria sido boa, mas ele só seria discutido após a reunião do diretório do PSDB, marcada para segunda-feira, que confirmará a indicação de Beto Richa como candidato do partido ao governo.

É como diz o ditado: um acordo só é bom se for bom para os dois lados. E é isto que se pretende construir – ainda que deixem algumas vítimas pelo caminho – no caso específico, Gustavo Fruet e Orlando Pessuti, um de cada lado.

Olho vivo

Sísifo 1

Conta a mitologia grega que Sísifo, acusado de enganar a morte e de tapear o demônio para fugir do inferno, acabou sendo condenado a passar o resto da vida carregando morro acima uma enorme bola de mármore. Quando ele chegava ao cume, eis que a bola despencava e ele, coitado, tinha de recomeçar. Esse mito ficou conhecido como Trabalho de Sísifo e serve para simbolizar o sofrimento daqueles que nunca conseguem se livrar de um peso, por mais que tentem.

Sísifo 2

Este é o caso de alguns desembargadores do Tribunal de Justiça que, já muito atrasados no julgamento de processos, veem a pilha aumentar, aumentar... Um bom exemplo é o do desembargador Carvílio da Silveira Filho. Durante todo o ano passado figurou sempre em primeiro lugar na lista dos "dez mais" com processos cujos prazos de decisão estão excedidos há mais de cem dias (o que inclui os atrasos superiores a anos!).

Sísifo 3

O desembargador Carvílio começou 2009 com a prateleira ocupada por 692 processos atrasados. Trabalhou bastante e, em dezembro, a pilha estava reduzida a 413. Acontece, porém, que nos últimos dois meses venceram os prazos dos processos que ficaram para trás. Resultado: o último relatório de produtividade divulgado pelo Tribunal de Justiça mostra que, de novo, a pilha cresceu. Agora está com 542 para descascar e mais longe de cumprir as metas de agilização do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Isto é, Sísifo.

Sísifo 4

Desde a última edição da lista dos "dez mais", publicada nesta coluna em 30 de dezembro, ela sofreu algumas alterações. Agora, pela ordem, são os seguintes magistrados que a lideram: Carvílio Silveira Filho (542); Marco Moraes Leite (413); José Marcos de Moura (189); Arno Gustavo Knoerr (144); José Cichocki Neto (132); Ivan Bortoleto (98); Joatan Marcos de Carvalho (83); Rosana Andriguetto (83); Maria Mercis Aniceto (59); e Arquelau Ribas (53). No total, estão nas mãos deles 1.796 processos atrasados, o que corresponde a 88% dos 2.039 acumulados pelos 120 desembargadores juntos.

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