Você já deve ter ouvido inúmeras vezes a frase: a dívida do Paraná é impagável e a União age como agiota. Ouviu mesmo: primeiro, da boca do ex-governador Roberto Requião que, quase toda terça-feira, vociferava na "escolinha" contra a injustiça, os juros altos, as multas e as punições que o estado sofria por parte do governo federal em razão da dívida de bilhões resultante do saneamento e venda do Banestado contraída nos tempos de Jaime Lerner. Requião culpava Lula e Dilma pelo mau tratamento.

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Ontem, em Brasília, em reunião com governadores tucanos, e também em artigo publicado neste jornal, o governador Beto Richa repetiu o discurso de Requião: "Ninguém suporta mais pagar algo que é impagável", declarou, para, em seguida, ser mais explícito e mais igual: a dívida contraída pelo Paraná com a União era de R$ 5 bilhões em 1998 e, atualmente, soma R$ 9,5 bilhões, apesar de o Paraná já ter pago R$ 10 bilhões no período. "O governo federal não pode agir como um agente financeiro, como um agiota", protestou. O tempo passa, o tempo voa, a dívida fica, aumenta, ninguém resolve. A única coisa que não muda é o discurso.

Olho vivo

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Devaneio 1

O chefe de Gabinete Deonilson Roldo, por meio de torpedo dirigido ao celular do colunista, classificou como "devaneio" a informação de que se aprofundam as divergências e insatisfações no círculo íntimo de assessores do governador Beto Richa. Roldo, o mais próximo dos orientadores políticos do governador desde os tempos em que este era prefeito de Curitiba, vem sendo responsabilizado pela sucessão de erros na condução política do governo que, entre outros prejuízos, resultou na derrota de Luciano Ducci na disputa à prefeitura na eleição do ano passado.

Devaneio 2

Percebendo o crescimento das dificuldades para garantir a própria reeleição, Richa tentou "arrumar a casa", nomeando o deputado Reinhold Stephanes chefe da Casa Civil e dando-lhe autoridade para fazer a interlocução política do governo. Stephanes esbarra em Deonilson, que insiste em manter a antiga hegemonia que detinha na área. Devaneios a este respeito também ocupam a cabeça de importantes deputados da base e até de colegas secretários de estado.

Concorrência 1

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Está escrito de próprio punho num despacho ao processo 007972 que tramitou na Secretaria Municipal de Abastecimento em 2010: "Lembro ainda que nos comprometemos com os supermercadistas de Curitiba a não ampliarmos o Programa. Portanto, acredito ser prudente que não seja celebrado o convênio para a instalação do Armazém neste ano. Ass.: Vera da Rocha Zardo, Diretora de Abastecimento Social".

Concorrência 2

Vamos desvendar o enigma: o processo 007972/2010 dizia respeito ao interesse do prefeito de Agudos do Sul, na região metropolitana, de instalar em sua cidade um Armazém da Família – programa mantido pela prefeitura de Curitiba e que prometia vender gêneros mais baratos do que nos supermercados. Para tanto, seria necessária a formalização de um convênio entre os dois municípios.

Concorrência 3

O pedido de Agudos do Sul foi negado porque, como revela a diretora, havia um acordo com os grandes supermercados para não competir com eles. Resta ainda um enigma: quem firmou este acordo com os supermercadistas? A troco de quê? O ano de 2010 foi de eleição para o governo estadual.

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Para a história 1

Ontem, 13 de março, completaram-se exatos 49 anos do famoso discurso que o então presidente João Goulart fez para milhares de pessoas reunidas na Central do Brasil, no Rio. Pregava radicais reformas de base – agrária, bancária, urbana etc. Foi o principal pretexto para que, dias depois, os militares o depusessem.

Para a história 2

Em meio a este fato histórico, eis que o jornalista José Wille Scholz Jr., diretor da rádio CBN Curitiba, encontra no fundo de uma gaveta que guardava pertences de seu pai – na época diretor de uma emissora de rádio de Mandaguari – uma embolorada fita de áudio. Curioso, Wille a pôs para funcionar e lá estava um discurso inflamado pronunciado em data incerta em Londrina, gravado por seu pai. Os temas eram os mesmos do discurso histórico de 13 março de 1963.

Para a história 3

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Mas de quem era aquela voz? Wille pesquisou e descobriu: era de João Goulart, numa visita a Londrina. O atestado final de autenticidade foi dado pelo ex-deputado Leo de Almeida Neves que, como líder trabalhista no Paraná, mantinha grandes ligações de amizade com o ex-presidente. O áudio de Jango está disponível no blog de José Wille: http://www.blogjws.com.br.