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O PMDB paranaense nunca passou por uma fase de tantas incertezas quanto à que atravessa agora. Com convenção marcada para o dia 20, isto é, na próxima sexta-feira, o partido ainda se vê engolfado por divisões internas que o impedem de definir o caminho a tomar.

Essa indecisão levada à última hora não passaria de mais um daqueles espasmos internos naturais em qualquer partido se à sua superação não estivesse tão estreitamente vinculado o resultado das urnas de 5 de outubro. Os leitores já estão cansados de saber que o PMDB se bate há meses em torno de duas tendências principais – uma, a de lançar candidato próprio; outra, a de firmar aliança com o PSDB e lutar pela reeleição de Beto Richa.

Abandonada a tentativa de dividir a convenção em duas rodadas – a primeira no dia 20 e a outra no dia 29 – já será nesta sexta-feira que os 598 delegados partidários vão decidir pelo voto qual dessas teses deve prevalecer. E então se saberá, mais do que o simples resultado de uma convenção, se a eleição para o governo estadual acontecerá em um ou dois turnos.

Se os convencionais consagrarem a opção pela candidatura própria já imediatamente estará sinalizado que o senador Roberto Requião disputará o Palácio Iguaçu pelo PMDB. E, então, poder-se-á contar como inevitável que os eleitores paranaenses terão de votar duas vezes para decidir se o próximo governador será Beto Richa, Gleisi Hoffmann ou Requião.

Além de Richa, principal interessado na disputa em turno único com a candidata petista, também a bancada de deputados peemedebistas luta pela mesma fórmula, mas por motivo um pouco diferente. Eles entendem que, sem a coligação com o PSDB e com Requião candidato ao governo, o PMDB será reduzido dos atuais 13 deputados para, no máximo, uma meia dúzia. Ou seja, estão empenhados em salvar a própria pele.

No últimos dias, eles se dedicaram a caitituar pesadamente o ex-governador Orlando Pessuti – dono de um minoritário mas decisivo naco de votos. Desde sempre Pessuti brigou também pela própria candidatura. Mas percebeu que, no caso, não seria ele o escolhido para representar o partido, mas seu desafeto, Requião.

Seu principal interesse passou, então, a ser o de evitar a vitória de Requião, desde que ele, Pessuti, não saia da peleja de mãos vazias. Richa tem lhe enviado emissários com ofertas desconhecidas; já os deputados tentam atraí-lo com a ideia de que poderá ser candidato "avulso" a senador ou, até mesmo, integrar a chapa de Beto Richa como seu vice.

Pessuti ainda se finge de surdo às propostas. Prefere esperar pelo menos até a segunda-feira à noite, quando os deputados richistas se reúnem para fazer um balanço da situação. Como conhecem literalmente todos os delegados, vão contabilizar com quantos realmente podem contar. É provável que cheguem à conclusão de que os votos dos aliados de Pessuti sejam absolutamente vitais para evitar a vitória de Requião. Nesse caso, quanto maior o "aperto", maior o valor com que Pessuti deverá ser recompensado. Por enquanto, o candidato a vice almejado pelos deputados é o colega Caíto Quintana, mas sua substituição por Pessuti, se necessário for, não está descartada.

Enquanto isso, outras forças se movimentam na areia movediça da política paranaense. O empresário Joel Malucelli, de quem se dizia que poderia ser candidato a governador pelo PSD, estaria articulando para ser o vice de Richa. Desenvolve também articulações febris o deputado Ricardo Barros, presidente estadual do PP, ex-secretário da Indústria e Comércio.

Ele pôs a mulher, a deputada Cida Borghetti, para comandar o Pros, e lançou o irmão Silvio Barros (ex-prefeito de Maringá) candidato a governador pelo PHS. Somados, os partidos comandados por Ricardo Barros (PP, Pros e PHS) representam um quinhão considerável de votos e de tempo na propaganda eleitoral. Eles não são suficiente para viabilizar a vitória de Silvio Barros, mas são cobiçados por Beto Richa para evitar estragos na sua campanha. É nisso que o pragmático operador Ricardo Barros enxerga a possibilidade emplacar sua mulher como vice.

O jogo de xadrez ainda está em curso. Mandam nele os reis e rainhas, que tiram e põem seus pobres bispos, cavalos e peões na linha do sacrifício de conformidade com seus interesses particulares de aplicar o xeque-mate. Interesses que, não necessariamente, coincidem com os do Paraná.

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