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A dimensão nacional do ex-governador Roberto Requião é igual aos 95 votos que obteve na convenção do PMDB que, por 560 votos, aprovou a indicação do presidente do partido, deputado Michel Temer, para ser o vice na chapa da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Requião apresentou-se à convenção como pretendente à indicação do PMDB como seu candidato próprio ao Planalto. O que conseguiu? Conseguiu legitimar a aliança PT-PMDB que tanto combateu.

Encerrada a aventura, que lhe valeu alguns instantes de exposição na mídia nacional, o ex-governador não tem mais nada a fazer agora senão preocupar-se com seu destino dentro das fronteiras paranaenses. Pretendente ao Senado, vê-se sob o risco de não se eleger caso os conchavos políticos não consigam armar o cenário que ele considera propício.

Outrora combatido até na esfera pessoal, Osmar Dias passou a ser o candidato preferencial de Requião ao governo do estado. Oferece-lhe, até, a possibilidade de ser apoiado pelo PMDB, em detrimento da candidatura própria de Orlando Pessuti, que passou a abominar.

É que, se Osmar reduzir seu projeto político à reeleição para o Senado, o ex-governador passará a tê-lo como adversário direto, além de precisar enfrentar outra tropa poderosa – Gleisi Hoffmann (PT), Ricardo Barros (PP) e Gustavo Fruet (PSDB). Requião tem consciência do risco de ficar em terceiro lugar numa corrida em que haverá só dois vencedores.

Vai daí que, abertamente, utilizando-se de métodos que lhe são peculiares, passou a sabotar a pretensão de Pessuti de ser proclamado candidato do PMDB. Na verdade, juntou-se ao PT – Lula à frente – que também trabalha pela desistência de Pessuti para convencer Osmar Dias a ser o candidato que montará o palco para Dilma Rousseff no Paraná. Até agora, porém, Pessuti resiste. E até provoca seu neoadversário: na convenção nacional peemedebista, sábado, o governador votou contra Requião.

A indecisão de Osmar – se se abraça com Beto Richa e tenta a reeleição ao Senado ou se se lança ao governo com o apoio do PT e do PMDB – provém exatamente do fator Pessuti. Sob o olhar cobiçoso de Requião, Osmar observa os esforços coletivos pela desistência de Pessuti ao mesmo tempo em que mantém a esperança do tucanato de que pode vir a compor a chapa de Richa.

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Olho vivo

FarraSul 1

O governador Orlando Pessuti espera apenas que lhe seja apresentado o último balanço da Ferroeste para assinar o ato de exoneração do advogado Samuel Gomes da presidência da empresa. O pífio desempenho operacional da ferrovia, um prejuízo financeiro gigantesco e um passivo judicial enorme se conjugam para justificar a demissão de um dos últimos representantes da era Requião no atual governo. Além de Samuel, resistem ainda a ex-primeira-dama, Maristela, no comando do Museu Oscar Niemeyer, e a irmã Lúcia no Provopar.

FarraSul 2

Indiferente às previsões sombrias quanto ao seu destino, Samuel mantém a cruzada pela criação da Ferrosul – uma nova estatal comum a quatro estados para cuja constituição o Paraná entra com a Ferroeste e os demais com a boa intenção. Uma das "vantagens" da nova ferrovia, segundo análises do Instituto de Engenharia, é a de desviar o escoamento da produção do Porto de Paranaguá para o de Rio Grande. Pessuti também já recebeu conselhos para que vete o projeto aprovado pela Assembleia, na semana passada, de criação da Ferrosul – já apelidada de FarraSul.

Caracas 1

O PPS paranaense se mantém na expectativa para colocar em campo mais um candidato a governador – seu próprio presidente, o ex-deputado Rubens Bueno. O lançamento ocorrerá se Osmar Dias conseguir se viabilizar como candidato e disputar o governo com Beto Richa, rompendo assim, definitivamente, a "grande aliança" da qual o PPS fazia parte. Se, contudo, Osmar preferir o caminho mais fácil de se reeleger senador na chapa de Beto, o PPS desiste do próprio projeto.

Caracas 2

Bueno não espera uma decisão para hoje ou amanhã: ele viajou ontem para Caracas onde, juntamente com o deputado Raul Jungman, vai representar o PPS num seminário promovido pela oposição a Hugo Chávez. O encontro faz parte de um movimento que visa a forçar Chávez a aceitar que observadores internacionais acompanhem as eleições parlamentares da Venezuela marcadas para setembro próximo.

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