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Olho vivo

Dificuldade 1

A Comec enfrenta dificuldades para fixar a tarifa técnica das empresas de ônibus dos 13 municípios vizinhos que fazem parte da rede integrada. Os cálculos são complexos, mas rondam R$ 4,22. Para manter a tarifa do usuário metropolitano igual à do curitibano (R$ 2,70), o governo estadual teria de subsidiá-la com R$ 1,42 (e não R$ 0,42, como equivocadamente constou desta coluna na terça-feira).

Dificuldade 2

O Tribunal de Contas festeja decisão do STF que reconhece o direito dos TCs estaduais de expedir medidas cautelares. O que significa que a cautelar pela qual o TC mandou reduzir a tarifa de Curitiba em 43 centavos não pode, em tese, ser contestada.

Telegrama

Osmar Dias não telegrafou para informar se tomou decisão quanto ao seu destino político após almoço com Dilma Rousseff, na sexta-feira.

São cada vez mais visíveis as digitais da vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves (PT), no apoio aos movimentos grevistas que infernizam o prefeito Gustavo Fruet (PDT) há pelo menos três semanas. Por trás da participação da vice estariam disputas internas no PT e deste com outros partidos da esquerda, como o PSTU e o PSol, pelo controle das organizações sindicais de categorias que prestam serviços do município à população.

Antes, um breve histórico: em 2012, PT e PDT firmaram aliança para disputar a prefeitura de Curitiba. O neopedetista Fruet era o nome eleitoralmente mais viável para enfrentar a concorrência representada pelo candidato à reeleição Luciano Ducci (do PSB, com apoio do governador Beto Richa) e o popular deputado Ratinho Jr. (PSC). O PT entraria na chapa de Fruet ocupando a posição de vice.

O PT fez então a convenção para escolher o nome. As correntes mais moderadas do partido, lideradas pela senadora Gleisi Hoffmann e pelo ministro Paulo Bernardo, apoiavam a professora e ex-vereadora Roseli Isidoro. As alas mais radicais, representadas pelos deputados Dr. Rosinha (federal) e Tadeu Veneri (estadual), porém, saíram vitoriosas com a indicação da empresária do setor educacional Mirian Gonçalves. O resultado foi apertado: 113 votos contra 100.

Advogada trabalhista e militante com respeitável histórico de participação nos movimentos de trabalhadores, a vice de Fruet tem sido agora frequentemente vista atuando em confrontações classistas com a administração municipal – o que, segundo fontes do seu partido, tem sido fator de desgaste político para o prefeito.

Desde o fim de fevereiro foram pelo menos cinco as greves (ou ameaças de greve) concomitantes ou em sequência que ajudaram a queimar – em fogo amigo – parte do capital político do prefeito. A primeira delas, no fim de fevereiro, foi a dos motoristas e cobradores, que por três dias levou a cidade ao caos com a paralisação do transporte coletivo. A vice Mirian Gonçalves atuou como mediadora informal do dissídio entre patrões e empregados, mas ninguém deixou de notar sua tendência no sentido de proteger as reivindicações grevistas.

Comportamento virtuoso e elogiável não fossem os contratempos a que o resto da população, dependente de ônibus, teve de enfrentar. Do mesmo modo a vice agiu em relação à greve dos professores que veio em seguida e que, por um dia, deixou 400 mil crianças sem aula. Depois, a dos garis e lixeiros, cujos efeitos foram menores porque debelada em razão de decisão judicial obrigando que 40% dos trabalhadores se mantivessem na atividade.

Enquanto os guardas municipais ameaçavam cruzar os braços (ficaram apenas na ameaça), outro movimento paredista ainda persistia parcialmente até a noite de sexta-feira – e este sim com participação mais direta da vice. É a greve dos cinco mil educadores – categoria quase exclusivamente feminina que cuida das 199 creches (Cmeis) que atendem crianças de 27 mil famílias.

Os educadores apresentaram uma pauta de cinco reivindicações. Quatro foram atendidas, mas a primeira – que exigia reduzir a jornada de 40 para 30 horas semanais – foi repelida pelo prefeito. Por uma simples razão: para atender o mesmo número de creches e de crianças, seria necessário praticamente duplicar o número de educadores, gerando dispêndio anual de R$ 120 milhões.

A maioria entendeu a dificuldade e voltou ao trabalho – mas, ainda assim, a vice-prefeita fazia mais uma exigência: que os grevistas remanescentes fossem recebidos pelo prefeito. Contaria ponto para mostrar poder – e contabilizaria o feito como mais um trunfo para evitar que o PT e a CUT continuem perdendo para o PSTU e para o PSol o controle de setores sindicais e de trabalhadores estratégicos para a cidade.

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