Gente fina é outra coisa: depois de sete anos contínuos de conflitos, xingamentos e discursos que de nada valeram, eis que em poucos dias de mandato Orlando Pessuti, o vice que assumiu o governo na semana passada, inaugura claro contraste com Roberto Requião, seu antecessor. No mínimo, Pessuti consegue deixar a "imprensa canalha" sem poder falar mal dele pelo menos por enquanto.
Vejam a mudança de estilo, o pragmatismo e a objetividade com que o novo governador passou a tratar dos problemas do estado:
Já na manhã da Sexta-Feira Santa, dia seguinte à sua posse, Pessuti conversou longamente com o senador Osmar Dias (e não com o candidato Osmar Dias) para iniciar uma ação conjunta visando a resolver o problema dos títulos podres e da multa que o Paraná paga à União por estar inadimplente com o Banco Itaú. Osmar é autor de um projeto de resolução do Senado que, se aprovado, resolve o problema.
Ontem de manhã, foi a vez de outro Dias, o senador Alvaro, a ter com Pessuti no palácio. Pediu-lhe ajuda para que a resolução caminhe rápido e seja aprovada o quanto antes.
Também ontem reuniu-se com os deputados federais do PMDB pedindo-lhes que participem da luta contra a retenção de recursos federais provocada pela inadimplência. E começou a procurar, com o mesmo objetivo, parlamentares de outros partidos, não interessando se são de oposição ou situação. É a primeira vez, em sete anos, que acontece uma ação desse tipo.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, uma das últimas "vítimas" da metralhadora de ofensas de Requião, também está se reaproximando do governo estadual pelas mãos de Pessuti. Além de cumprimentos e cordialidades telefônicas, marcaram para a semana que vem uma reunião de trabalho em Brasília. Vão falar de PAC 2 principalmente.
Mais: dia 14 ou 15 terá audiência com Lula. E pensar que nos últimos seis meses o presidente sequer atendia telefonemas de Requião e nem encontrava espaço na agenda para receber o governador do Paraná...
Se continuar assim e se, de fato, este novo estilo de governar trouxer resultados efetivos, Pessuti arrisca alcançar em menos tempo do que imaginava a condição de candidato incontestável do PMDB ao governo. Até há pouco, sua cabeça era colocada a prêmio pelos próprios peemedebistas que, não acreditando na sua viabilidade eleitoral, preferiam-no fora do páreo.
Olho vivo
Distrital
O advogado paranaense René Dotti é o novo presidente da Comissão Nacional de Defesa da República e da Democracia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Assume o cargo no lugar do jurista Fábio Konder Comparato. Dotti já tem um projeto claro na cabeça para colocar em prática: quer que a OAB assuma a liderança na luta para instituir o voto distrital no país única fórmula, segundo ele, de diminuir a influência do poder econômico nas eleições e, consequentemente, de tornar a política mais sadia e melhorar a democracia.
Gastava 1
Dia desses, esta coluna noticiou que a Aneel multou a Copel em R$ 740 mil por ter pago anúncios publicitários do governo. Propaganda que nada tinha a ver com a atividade da estatal, mas com programas do governo Requião. O líder da oposição na Assembleia, deputado Élio Rusch, interessou-se pelo assunto e foi atrás de mais informações. E acabou descobrindo que, só em 2004, a Copel gastou mais de R$ 13 milhões para pagar contas que caberiam à Secretaria de Comunicação Social.
Gastava 2
O governador Roberto Requião repetiu à exaustão que não gastava dinheiro em propaganda. Gastava. E gastava ilegalmente, conforme constatou a Aneel que, por causa disso, aplicou punição à Copel. Rusch já chamou o advogado Luiz Fernando Pereira para estudar uma possível ação popular visando a responsabilizar Requião pela ilegalidade. Há suspeitas de que outra estatal, a Sanepar, também desviou dinheiro para custear o que não devia.
Desanexo
O novo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Celso Rotoli de Macedo, que assumirá o cargo em julho para cumprir um mandato tampão de sete meses, pretende engavetar projeto do TJ para construir um novo edifício anexo. Ao contrário: ele quer um único edifício para reunir todos os gabinetes dos 120 desembargadores, hoje divididos em três endereços. "A construção de mais um anexo seria um erro grave, assim como foi o primeiro anexo", diz ele. A ideia é fazer o novo prédio no local onde hoje funcionam as varas de Família, na Cândido de Abreu, bem em frente da prefeitura.
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