Aguardem o 1.º de abril. A partir desta emblemática data entra em vigor a nova tarifa de água da Sanepar. E a previsão é de uma alta de 26% numa pancada. Menos do que isto vai desagradar os investidores que correram às bolsas para comprar ações da estatal paranaense de saneamento, subitamente valorizadas após a reavaliação dos seus ativos.

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A recente reavaliação do patrimônio da Sanepar e dos seus potenciais de receita, feita por uma consultoria, indicou que o valor da empresa era 37% maior do que se pensava. Logo, cada ação, que representa uma fração do valor total da companhia, subiu nas bolsas mais ou menos na mesma proporção.

Grandes investidores foram às compras, dentre os quais o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves – afastado do comando da instituição em 2015 depois de passar uns dias na prisão numa das fases da Lava Jato. Meses depois, em 2016, voltou ao BTG para ocupar cargo de “aconselhamento”.

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O raciocínio dos investidores é de que, se não houver correspondência entre os valores que aplicaram e os dividendos a que se acham no direito de auferir, teriam feito um mau negócio. Ou seja, a margem de lucro “justa” que esperam para seus capitais deve provir das tarifas e estas precisam ser majoradas em 26%, segundo noticiou esta Gazeta na edição de 25 de janeiro. Se o reajuste não vier no nível que desejam, a cotação das ações deve cair abaixo do nível de rentabilidade.

A concessão de aumentos para água e esgotos depende, em tese, de autorização da Agência Reguladora do Paraná (Agepar) – a mesma encarregada também de fiscalizar o pedágio. Esvaziada de recursos até para sua própria subsistência e ocupada por políticos do entorno do governador, a Agepar tende a tomar decisões de conformidade com o interesse de não causar impactos políticos negativos para os projetos eleitorais do grupo.

A Agepar estará entre a cruz e a espada. Entre a ambição dos investidores e a última palavra – e esta cabe a Beto Richa, que nos seus seis anos à frente do governo já aumentou as tarifas da Sanepar em 106%.

Kennedy & Greca

Ao tomar posse na presidência dos Estados Unidos em 1961, Kennedy pronunciou frase histórica: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”. Nesta quarta-feira (1º), o prefeito Rafael Greca disse o seguinte a respeito do reajuste do funcionalismo municipal em março: “Nós [servidores públicos] temos obrigação de perguntar como eu posso servir à minha cidade; não quanto eu vou ganhar, qual vai ser minha progressão, qual vai ser meu plano para avançar adiante. Isto é perverso”.

Quem paga? 1

Empresas de ônibus que servem Curitiba confirmam e aumentam a informação que esta coluna deu no último dia 21: elas querem tarifa técnica de R$ 4,57 a partir de 26 de fevereiro – 25% a mais do que os R$ 3,66 que elas recebem agora por passageiro pagante. A previsão, ainda não oficial, é do Setransp, o sindicato patronal, e leva em conta a alta geral dos custos, a necessidade recuperar os alegados prejuízos acumulados, a obrigação de renovar a frota e reajustar salários de seus trabalhadores. Tudo num cenário de queda acentuada de usuários do sistema e das receitas.

Quem paga? 2

O prefeito Greca diz que isto é muito; o aumento para o passageiro não pode chegar a R$ 4,60, diz ele. Mas ainda não sabe a quanto vai. Desta definição, no entanto, depende outra prioridade prometida em campanha: reintegrar o transporte metropolitano “até o horizonte de julho”. A reintegração também tem custo: se for para unificar as tarifas e mantê-las abaixo do custo real, apenas corrigidas pela inflação, cálculos técnicos apontam para a necessidade de subsídio público da ordem de R$ 100 milhões por ano. Richa vai pagar?

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