Alvaro Dias é um dos integrantes do grupo de seis senadores que começam a arrumar as malas para sair dos respectivos partidos e – provavelmente – ingressar no simpático, porém até agora nanico, Partido Verde, o PV. Não é para já, informa o senador paranaense, mas, anuncia, a mudança poderá acontecer muito brevemente. A preocupação com as crises política, moral e econômica em que o país está afundado e o modo errático com que a oposição tem tratado desses assuntos são pontos que unem o grupo. Pluripartidário, dele fazem parte além do tucano Alvaro Dias, dois senadores do PT (o gaúcho Paulo Paim e o baiano Walter Pinheiro); dois do PDT (Cristovam Buarque e Antonio Reguffe, ambos do Distrito Federal) e um do PPS (o matogrossense José Medeiros).
Debandada 1
Um a um, os deputados do PMDB foram tirando seus nomes da chapa que concorreria na oposição à do senador Roberto Requião na eleição para o diretório estadual do partido, realizada no sábado(24) com chapa única. O ex-governador Orlando Pessuti, que liderava o movimento contra Requião, se viu isolado. Entre os que se mantiveram fiéis está o deputado federal Sérgio Souza, que era o candidato do grupo à presidência.
Debandada 2
Tão logo foi anunciada a desistência da chapa, protocolada pelo presidente do diretório municipal, o ex-deputado Stephanes Jr., prosperaram teorias conspiratórias para explicar a capitulação. Uma delas: se se mantivesse na chapa, Stephanes estaria fadado a perder o comando do partido em Curitiba. Teria havido um acordo com Requião para ser poupado da degola? Já os deputados do PMDB que na última hora gritaram “me incluam fora” são aqueles que batem continência para o tucano governador Beto Richa. Adeptos de outra teoria conspiratória dizem que, por trás da renúncia deles, estaria o medo de serem barrados por Requião e não conseguirem apoio para a reeleição.
Apressado
A vice-governadora Cida Borghetti, que ocupou o Palácio Iguaçu durante os cinco dias finais da ausência do titular, tinha agenda a cumprir ainda neste fim de semana como governadora em exercício. Teve de suspender porque foi surpreendida pelo retorno de Richa ao posto minutos após chegar da viagem de 15 dias ao exterior. Parecia estar com pressa de reassumir o cargo depois de saber (e ficar incomodado) que, em menos de uma semana, Cida se mostrou mais ágil que ele em abrir portas em Brasília e conseguir recursos federais para o Paraná.
Há também motivações específicas de cada um para buscar alternativas partidárias em que não precisem ficar presos aos compromissos de apoiar o governo, como é o caso dos dois petistas e dos dois pedetistas, ou de assumirem posturas mais claras e firmes de oposição – questão que afeta Alvaro, do PSDB, e Medeiros, do PPS.
Em pronunciamento da tribuna do Senado na semana passada, Alvaro criticou o acordo branco que se desenrola entre o governo e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Tudo indica que eles atuam no sentido de se protegerem mutuamente – Dilma querendo se livrar do impeachment; Cunha, da cassação. Nem se põe em marcha uma coisa nem outra e quem sofre é o país, que se encontra paralisado.
Enquanto isso, setores da oposição interessados no impeachment mas sabendo que procedimentos neste sentido dependem de Cunha, desenvolvem um discurso que não leva a lugar nenhum. “O pior dos mundos é a indefinição. Mesmo aqueles que não advogam o impeachment certamente gostariam de ver esse impasse superado. Teremos o impeachment ou não teremos o impeachment? Só deliberando a respeito”, pregou o senador paranaense.
Embora não seja a única alternativa em estudos para a mudança, o PV parece ser a mais viável no momento. O partido não conta com nenhum senador e dispõe de apenas oito deputados federais. A tendência natural é que, a partir do possível ingresso dos senadores, o PV amplie também sua bancada na Câmara.
O senador Alvaro Dias mantém o olho também na situação que enfrenta no Paraná. Apesar de pertencer ao mesmo partido do governador, não tem tido nenhum protagonismo na condução da legenda no estado. Ao contrário, embora seja hoje um dos poucos políticos paranaenses com expressão nacional, não se lhe dá espaço de atuação no PSDB estadual.
Daí a intenção de Alvaro de se desligar do grupo e do partido, buscando outro que lhe dê abrigo para encetar seus projetos. Entre eles o de se candidatar à Presidência da República ou ao governo do estado.
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