Olho vivo
Em boa hora 1
Uma pendenga que vem desde os tempos em que Cassio Taniguchi era prefeito de Curitiba estoura agora no bolso do contribuinte: a prefeitura acaba de aceitar um acordo com a Cavo reponsável pela coleta de lixo na cidade pelo qual vai pagar à empresa quase R$ 35 milhões. Esse valor é resultante de juros e correção monetária por atrasos no pagamento de faturas mensais devidas pelo município de 1998 a 2004.
Em boa hora 2
A ação movida pela Cavo começou a tramitar na Justiça em 2004. Após recursos de ambas a partes, a dívida calculada já chegava a R$ 51 milhões quando, antes que a ação tivesse continuidade e levasse outros bons anos para ser julgada em definitivo, a prefeitura propôs um acordo, logo aceito pela Cavo. O montante foi reduzido para R$ 34,8 milhões um "abatimento" de quase R$ 16 milhões.
Em boa hora 3
O acordo entre as partes foi aceito pela Justiça no dia 27 passado, apenas três dias antes do fim do prazo para a inscrição do precatório no orçamento municipal do ano que vem. Claro, isso não tem nada a ver com a eleição de 2012, mas se tivesse havido atraso de quatro dias no trâmite do acordo, a dívida só seria inscrita para pagamento em 2013.
Sim e não 1
A Secretaria Estadual da Saúde não nega as dificuldades que milhares de pacientes, em todo o estado, vêm enfrentando para conseguir os remédios de uso contínuo que as farmácias especiais são obrigadas a lhes fornecer gratuitamente. Não poderia negar: os telejornais têm mostrado quase diariamente a grave situação. A secretaria, no entanto, nega que a causa do problema tenha sido a moratória decretada no início do governo período de 90 dias em que compras oficiais foram reduzidas em todos os setores.
Sim e não 2
Em nota a propósito de informação publicada ontem nesta coluna, a secretaria afirma que os problemas foram ocasionados no governo anterior, mas que, gradativamente, a situação está sendo normalizada. As maiores reclamações se concentram em medicamentos para Alzheimer, esquizofrenia, hormônios para crescimento e imunodepressores para transplantados.
O secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, ex-deputado Ricardo Barros, licenciou-se há dias do cargo para se dedicar à campanha para se eleger presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Contando com o apoio do governador Beto Richa, pensava ser fácil montar uma chapa de oposição à atual diretoria da entidade, que lançou o empresário Edson Campagnolo para suceder Rodrigo Rocha Loures. A eleição vai ocorrer no próximo dia 3 de agosto, mas a inscrição de chapas termina nesta sexta.
Segundo fontes da Fiep, um "ibope" informal entre seus 99 eleitores número de sindicatos patronais filiados indica a possibilidade de Campagnolo conseguir pelo menos 95 votos, principalmente se conseguir somar à sua chapa o apoio de uma terceira que estava em formação. É a chapa do industrial maringaense Carlos Walter Martins, que há meses se lançara candidato a presidente sob o estímulo de quem? exatamente de Ricardo Barros.
Ao verificar que seu padrinho na empreitada também decidira participar diretamente do pleito, Carlos Walter passou a acenar nos últimos dias com a adesão do seu time ao grupo do atual presidente. A adesão formal pode ocorrer antes de sexta-feira, o que tende a deixar Ricardo Barros sem espaço para montar sua própria chapa.
As antenas do Palácio das Araucárias, antes focadas na possibilidade de ter um "governista" no comando da mais poderosa entidade empresarial do estado, que responde por 35% do PIB estadual, já teriam percebido que o projeto de eleger Ricardo Barros não vai vingar. Por isso, o mais provável é que, depois de sucessivas eleições em que houve bate-chapa, a deste ano vai transcorrer com chapa única.
Político experimentado, com inúmeras vitórias na carreira (foi prefeito de Maringá, quatro vezes deputado federal, líder de dois governos e, nas últimas eleições, candidato a senador com expressiva votação), Barros já teria percebido que esses bons atributos não lhe bastam. Ou melhor, trabalham contra ele quando se trata de uma disputa entre empresários, que normalmente querem distância da política e dos políticos.
Hábil como sempre, é bem possível que decida retirar sua candidatura em nome de uma causa nobre o consenso entre os industriais do estado, como já vem afirmando em várias oportunidades.
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