"Não tá fácil!", confessa o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni. "Tem noite que nem consigo dormir por causa do estresse que enfrentei durante o dia e por saber que na manhã seguinte vai começar tudo de novo."
O desabafo do parlamentar teve como interlocutor o signatário dessas mal-traçadas linhas durante um telefonema, já na calada da noite da última quinta-feira. Ele relatava os avanços que, junto com o deputado Plauto Miró, primeiro-secretário, vem conseguindo na reorganização administrativa da Casa. Mais: falava sobre os esforços para acabar com os fantasmas e gafanhotos que infestavam o ambiente; para fechar os ralos do desperdício e para impor novos hábitos até mesmo no comportamento dos deputados.
"Até agora está indo tudo bem. Já conseguimos bastante, mas ainda menos do que eu pensava ser possível. As dificuldades que encontramos são muito maiores do que imaginávamos. Por isso, não será até o fim deste mês que vamos dar conta do recado; vai demorar um pouco mais", disse Rossoni.
Embora com a tarefa ainda pela metade, o presidente da Assembleia já se considera satisfeito com aquilo que reputa como o mais importante efeito do que se fez até agora: "Os deputados já podem sair à rua de cabeça erguida, sem medo de levar pedrada, pois a população já entendeu que os tempos agora são outros".
Mas o que mais lhe tira o sono, confessa, nem é o trabalho quase burocrático e detalhista de encontrar os trilhos certos lutando contra a falta de documentos, de registros contábeis e de separar o joio do trigo em meio à barafunda (des)administrativa da Casa trabalho que divide principalmente com Plauto Miró. O que mais o está incomodando agora é notar a ação de "forças ocultas" patrocinadas por alguns ("poucos, felizmente") deputados que vêm trabalhando para criar dificuldades. "Parece estar nascendo algum movimento surdo de pressão, subterrâneo, difícil de identificar e de caracterizar, para que se mantenham alguns velhos hábitos", explica Rossoni.
Cita um exemplo: sua determinação de cortar salários dos deputados por falta às sessões plenárias sem justificativa plausível está sendo motivo para cochichos e narizes torcidos pelos corredores, estimulados por colegas que usam esse pretexto para espalhar a cizânia e a insatisfação.
Mas há outros motivos identificados entre os causadores de mal-estar e falatório, como a drástica redução de funcionários a serviço das comissões. Causa também aborrecimento entre alguns deputados a chamada para que todos registrem presença nos momentos que precedem o início das votações (é esta que conta para o desconto dos salários) coisas aparentemente tão pequenas, mas que são usadas, até em tom de fofoca, para criar dificuldades de relacionamento com a Mesa.
O deputado Valdir Rossoni adverte, no entanto, que "ninguém espere que eu vá me submeter a essas pressões".
Olho vivo
O caso da multa 1
Do procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, a coluna recebeu nota de esclarecimento quanto às multas que poderão sujeitar o governo por não cumprimento da decisão judicial que determinou o preenchimento de vagas, hoje ocupadas por empregados terceirizados ou leigos, por servidores concursados. Informação publicada neste espaço na última terça-feira dava conta da existência de cerca 800 trabalhadores irregulares prestando serviços em hospitais públicos e que, em razão disso, o estado já seria devedor de R$ 104 milhões em multas.
O caso da multa 2
Segundo Bonilha, a decisão judicial determina que a penalidade só seja aplicada após o trânsito em julgado do mérito da ação impetrada pelo Ministério Público, o que ainda não ocorreu. Além disso, o governo, por meio da Secretaria da Saúde, já está fazendo a gradativa substituição dos trabalhadores irregulares por concursados processo que deve se encerrar ao fim do prazo concedido, isto é, até o dia 16 de dezembro próximo.
O caso da multa 3
O procurador-geral do Estado nega que o governo tenha se comprometido a apresentar proposta de solução para o caso antes desse prazo. Um "termo de audiência", firmado o último dia 14 por representante da PGE, notifica o governo para que compareça em nova audiência, marcada para 16 de abril, munido "de uma proposta de cumprimento de sentença".
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