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Olho vivo

Passarinheiros 1

Enquanto o plenário da Câmara Federal fervia com o debate sobre o valor do novo salário mínimo, um deputado do Paraná tinha outra preocupação: pedia aos colegas que aderissem à sua proposta de criar a "Frente Parlamentar em Defesa dos Eco Passarinheiros", cujo "objetivo é trabalhar em prol dos apreciadores do canto dos pássaros, tais como curiós, bicudos, trinca-ferros, coleiros etc."

Passarinheiros 2

Encabeça a proposta o deputado Moacir Micheletto, do PMDB. Mas ele não está só: como co-autores aparencem outros cinco parlamentares de diferentes estados. Frentes parlamentares são previstas no regimento da Câmara. São suprapartidárias e reúnem deputados dispostos a lutar por causas específicas. Por exemplo: em 2010 funcionaram na Câmara nove frentes – como a do combate ao crack, energia nuclear e controle do tabaco. Para este ano, já há uma frente inscrita – a que pretende defender a criação do ministério da segurança pública. A outra é a dos passarinheiros.

Cadeira

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça decide hoje a sorte de dois deputados que disputam apenas a vaga decorrente da licença de Luiz Cláudio Romanelli – Gilberto Martin, do PMDB, e Elton Welter, do PT. Por enquanto, por ordem judicial liminar, a cadeira pertence a Martin, mas Welter apresentou recurso. É o que se julgará hoje.

"Pior não fica". Era esse o sentimento que prevalecia antes de o deputado Valdir Ros­­soni assumir o comando da Assembleia Legislativa. Já corriam nos bastidores informações sobre as radicais medidas de força que pretendia tomar para moralizar a Casa assim que tomasse posse na presidência. O sentimento de descrença começou a se dissipar, contudo, quando, já no dia seguinte, tropas da Polícia Militar amanheceram para impor a ordem no sagrado recinto da democracia paranaense.

Tudo bem. Isso "é vassoura nova", diziam os antigos incréus. Mas daí vieram em sequência outras medidas: recadastramento de funcionários, controle de presença dos deputados em plenário, varredura no sistema telefônico em busca de grampos, substituição de diretores...

Ainda assim, permanece nu­­­merosa a renitente turma dos devotos de São Tomé, seguidores do lema "ver para crer". Com razão: ainda está longe o dia em que a Assembleia estará remida de seus pecados (e pecadores, ainda numerosos) mortais e veniais. Mas ontem Rossoni anunciou mais alguns passos da caminhada que empreendeu – suficientes, talvez, para reduzir o número de desconfiados e incrédulos.

Eis algumas das medidas que listou ontem para os jornalistas:

- Suspensão do pagamento da URV – diferença salarial devida às perdas decorrente do Plano Real – que havia sido concedido pelo antecessor, Nelson Justus.

- Corte das gratificações pagas aos funcionários efetivos.

- Cursos de reciclagem para os servidores para os quais não se acha função.

- Redução de 12 para dois no número de funcionários alocados nas comissões permanentes.

- redução de 470 para 150 no número de funcionários comissionados.

- Nenhum servidor terá salário superior a R$ 15 mil, com exceção dos diretores, que perceberão R$ 19 mil. Atualmente, há pelo menos 100 funcionários com remuneração acima de R$ 26 mil.

- Informatização de todos os gabinetes e integração de todos os sistemas – hoje segmentados em setores.

- Demissão de todos os servidores irregularmente efetivados, sem concurso, a partir de 1992.

- Levantamento de todo o patrimônio; computadores, móveis, equipamentos – quase nada disso está cadastrado.

- Aprofundamento das medidas de transparência: os nomes de todos os servidores vão aparecer no site da Assembleia, com a respectiva função, setor ou gabinete em que estiverem lotados.

- A imprensa terá livre acesso a todas as dependências da Casa.

- Por fim, uma medida para não deixar dúvidas quanto à promessa de total transparência: as grades que cercam a Assembleia serão arrancadas para o surgimento de espaço livre e repaginado. Mais: será retirado o aquário de vidro que hoje separa o plenário dos jornalistas que cobrem os trabalhos.

Como se nota, pior não fica. É ver para crer.

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